O presidente da Caixa não está recebendo os parlamentares. Ele diz que tem mais o que fazer. Seu mandato, quando foi contratado, foi o de sanear o banco, não o de atender demandas parlamentares.
Vamos observar um pouco mais de perto a coisa.
Por que os parlamentares querem tanto falar com o presidente da Caixa? Que tipo de poder ele possui, que atrai tanta gente?
A resposta não é difícil: dinheiro. O presidente da Caixa tem um poder discricionário sobre o que o banco faz com o seu capital. Existe ali uma espécie de “orçamento paralelo”, em que o congressista consegue dinheiro sem precisar passar pelo desgastante processo parlamentar. O que o presidente da Caixa, Paulo Guedes e o próprio Bolsonaro ainda não entenderam (ou fingem não ter entendido), é que a própria existência da Caixa (e do Banco do Brasil) não faz sentido se não for para servir como um orçamento paralelo. Qual o sentido do Tesouro ser acionista de um banco que se pauta pelas mesmas regras de um competidor privado?
Aqueles ingênuos que são contra a privatização dos “bancos oficiais” porque pensam que é possível fazê-los rentáveis através de uma administração austera (como é o caso hoje), deveriam dar ouvidos às queixas dos parlamentares. É questão de tempo para que o bem-intencionado presidente da Caixa abra as portas de seu gabinete. Essa é a lógica da existência da Caixa.
Não há solução de compromisso: ou se coloca a privatização corajosamente na mesa, ou a Caixa vai ser saneada para voltar a ser exatamente o que era: uma forma de driblar o orçamento da União.