Mercado grande e virgem

Taxi no aeroporto em Curitiba.

Eu: Vamos na Rua tal, número tal.

Taxista: O senhor sabe onde é este endereço?

Eu: Não sei não senhor.

Taxista: O senhor teria um waze? É que a polícia tá pegando quem dirige com celular na mão.

Atenção empresários: mercado grande e virgem de suporte de celular para carro em Curitiba.

Empresas muito importantes para o país

Debate na Globo News sobre o afastamento dos vice-presidentes da Caixa.

Indignação de todos.

Um dos jornalistas aponta que isso não pode acontecer com uma empresa tão importante para a economia brasileira. Acenos positivos com a cabeça dos outros participantes do programa.

Assim como eles, a avassaladora maioria dos brasileiros, de todas as idades e níveis de renda, pensa o mesmo: a Caixa é uma empresa muito importante para o Brasil.

O ideal, portanto, seria que as estatais fossem tocadas por técnicos de reputação ilibada, mas que continuassem a implementar a “política social” do governo.

Não percebem a contradição em termos: a “política social” é o que quebra as estatais ao longo do tempo. A roubalheira é apenas um efeito colateral, com alcance limitado. Enquanto a roubalheira desvia milhões, a “política social” faz a estatal sangrar em bilhões. Foi o que aconteceu com a Petrobras e o que está acontecendo com a Caixa agora.

Políticos ladrões ganham as manchetes e inflamam os debates, mas o que acaba com o Brasil mesmo é essa crença de que as estatais são “empresas muito importantes para o país”.

A privatização é a única solução

Lembro de quando levei uma delegação japonesa para uma reunião com um diretor do BC. Detalhe: esse diretor havia sido meu colega de trabalho durante muitos anos, tínhamos alguma intimidade. Pois bem: a reunião foi acompanhada o tempo inteiro por uma funcionária, que anotava tudo o que estava sendo falado.

Obviamente, eu não tive nada a ver com a indicação deste meu colega para a diretoria do BC. E ele é um sujeito extremamente ético, de modo que não passaria informações confidenciais nem se tivéssemos nos encontrado em um depósito de bebidas em Brasília.

Assim, a diligência de um funcionário que acompanha as reuniões oficiais é supérfluo para quem é honesto (ainda que necessário para salvaguardar as aparências) e inútil para quem é bandido, pois informações sigilosas e tráfico de influência podem ser arranjados fora de reuniões formais.

A única solução para o problema da influência política na Caixa é sua privatização. Essa coisa de “governança das estatais” é conversa de quem quer manter tudo como está.

O ônus da prova

“Para os advogados, isso significa inverter o ônus da prova”.

Para mim, isso significa que os advogados pensam que os desembargadores do TRF-4 não sabem interpretar um texto nem tampouco raciocinar com lógica.

“Receber as supostas vantagens” é o ato per se que prova a corrupção. Se chegamos até aqui, é porque o juiz já deu como provado que Lula recebeu as tais vantagens. Restaria, no caso, explicar porque ele recebeu as vantagens. Como Lula não conseguiu esclarecer este ponto, então não há outra conclusão possível a não ser dizer que essas vantagens (que, reforce-se, foram provadas pelo MP) tenham sido fruto de corrupção.

Digamos que fosse outro o caso. Digamos que o MP não tivesse conseguido provar o recebimento das vantagens. Neste caso, se o juiz Sérgio Moro tivesse dito “Lula não conseguiu provar que não recebeu as vantagens indevidas”, aí sim estaria caracterizada a inversão indevida do ônus da prova. Mas não é este o caso. Ao conseguir provar que houve a entrega do apartamento, o MP inverteu o ônus da prova, ao pedir ao ex-presidente que explicasse tal regalia. Como este não conseguiu, só resta a hipótese de corrupção.

Aliás, este argumento é um tiro no pé da defesa, pois admite implicitamente que houve vantagens indevidas. Ora, se meu cliente não é obrigado a explicar as vantagens indevidas (ônus da prova), significa que admito que houve vantagens indevidas, mas não sou obrigado a explicá-las.

Se é isso o que os advogados de Lula têm para mostrar, então vai ser 3 x 0 com louvor.

A mesma estorinha

A mesma estorinha de sempre: o apartamento está no nome da OAS, portanto não é do Lula. Como se Moro já não tivesse endereçado este fato, ao afirmar que a propriedade de fato independe de haver “papel passado”. Aliás, na verdade, a lavagem de dinheiro supõe esconder o patrimônio, e nada melhor do que o balanço de uma empreiteira amiga para isso. Já imaginaram o Lula ter que justificar um apartamento no nome dele sem a devida contrapartida do pagamento? Ficaria difícil justificar.

Como aliás está acontecendo com o apartamento vizinho ao seu em São Bernardo. Para justificar o seu uso, teve que “arrumar” uns recibos de aluguel às pressas, o que justifica, inclusive, algumas datas inexistentes no calendário.

O crime de lavagem de dinheiro é um dos mais difíceis de serem descobertos e punidos, porque normalmente envolve uma engenharia financeira sofisticada. A força tarefa da Lava-Jato está de parabéns.

Quem é o racista?

Lula, ao comentar a crise financeira de 2008, disse que tinha sido criada pelos “brancos de olhos azuis”.

Trump proclamou o dia de Martin Luther King feriado nacional ao lado do sobrinho do grande líder das lutas pelos direitos civis dos negros.

Quem é o racista? Aquele que está do lado errado da História.