Muitos não entendem porque a Petrobras precisa praticar preços internacionais, quando somos autossuficientes em petróleo e o nosso custo de extração é menor do que a média mundial.
Digamos que essas premissas sejam verdadeiras (autossuficiência e preços de extração menores). Mesmo assim, os preços praticados deveriam ser os internacionais. Vejamos.
Em primeiro lugar, não consumimos petróleo, mas sim, derivados de petróleo. E nossas refinarias não são capazes de produzir todo o diesel que consumimos. Sendo assim, precisamos importar diesel. Hoje, com um prejuízo de R$0,14 por litro, conforme a associação dos pequenos importadores. Esse prejuízo está sendo bancado pela Petrobras.
Ah, então seria o caso de construir capacidade de refino, para poder atender o mercado interno sem precisar recorrer a importações.
Só que não. Aqui entra o conceito de “commodity”. Digamos que o Brasil praticasse consistentemente preços de diesel abaixo da paridade internacional. Parece óbvio que tradings iriam se aproveitar dessa distorção, exportando diesel para o mercado global. O Brasil se tornaria o maior exportador de diesel do mundo, enquanto faltaria diesel para o mercado interno. Claro que se poderia proibir a exportação de diesel, mas aí estaríamos empilhando uma intervenção sobre a outra, aumentando a ineficiência do sistema.
A Venezuela fez isso durante anos. O estado lastimável da PDVSA, hoje, é fruto desse tipo de política. Um país que produzia 3,5 milhões de barris/dia, hoje produz menos de 1 milhão. Os venezuelanos também acham que “o petróleo é nosso”. Só que as maiores reservas de petróleo do mundo continuarão debaixo da terra enquanto não se respeitar regras básicas da teoria econômica. Queremos ser uma nova Venezuela?