Voto bissexto

Além do ano bissexto, sabe mais o que acontece de quatro em quatro anos? A esquerda sai em busca dos votos dos evangélicos e do mercado financeiro.

Durante três anos, evangélicos são idiotas semianalfabetos que dão o seu pouco dinheiro para pastores inescrupulosos.

Durante três anos, o mercado financeiro produz injustiças, concentrando renda e sustentando bilionários às custas do proletariado que mal consegue ter três refeições por dia. Ah, de quebra, são os responsáveis pela violência, pois marginalizam uma boa parte da população.

De quatro em quatro anos, saem feito loucos fazendo reuniões para mostrar que respeitam muito os evangélicos e os farialimers. E tem evangélico e farialimer que cai nessa.

O triste fim de um político

Abaixo, a votação de Geraldo Alckmin no estado de São Paulo desde que começou a concorrer em eleições majoritárias (quando há dois números, referem-se à votação no 1o e 2o turnos).

2002: 7,5 / 12,0 milhões

2006: 11,7 / 11,6 milhões

2010: 11,5 milhões

2014: 12,2 milhões

2018: 3,1 milhões

Alguns pensam que Alckmin abandonou o seu eleitorado ao aliar-se a Lula. Na verdade, foi o seu eleitorado que o abandonou em 2018. Bolsonaro conquistou 17,5 milhões de votos no estado no 1o turno, e Alckmin teve menos votos no seu estado que Haddad e Ciro Gomes.

Tendo sido abandonado pelo seu eleitor e pelo seu partido, Geraldo Alckmin agarrou-se à primeira boia que encontrou para manter-se em evidência no cenário político nacional. Era isso, ou era voltar a ser comentarista de medicina no programa do Ronnie Von.

Chico Anísio, com a sua Escolinha do Professor Raimundo, manteve em atividade comediantes em fim de carreira, dando-lhes espaço na TV e, ao mesmo tempo, fazendo um programa de sucesso ao gosto do público. Lula, a exemplo de Chico, mantém em atividade um político que, de outra forma, estaria neste momento amargando o ostracismo e, de quebra, faz um programa político ao gosto de certo público.

No entanto, os comediantes da Escolinha foram chamados a fazer o que sempre fizeram. O humor pode não ser para todos os gostos, mas não se pode acusá-los de trair a sua herança. Alckmin, ao contrário, assumiu um papel que não tem nada a ver com o seu passado. Seria como se um desses comediantes aceitasse participar de um filme pornô só para ter um emprego.

Geraldo Alckmin deu uma banana para o eleitorado que o abandonou e, ao invés de terminar a carreira de maneira digna, decidiu participar de um filme pornô. Triste fim de um político que já foi a esperança de muitos brasileiros.

O print é eterno

Lula tuitou hoje, afirmando que o debate com Alckmin era civilizado, sobre programa de governo.

O problema para Lula é que o print é eterno. Abaixo vão vários exemplos do debate “civilizado” entre Lula e Alckmin, focados exclusivamente em “programas de governo”, e relembrados nas respostas ao tuíte do ex-presidiário.

A necessária polarização

A palavra “polarização” não é exatamente nova na política. Mas o seu uso intensificou-se de 2018 para cá. É o que podemos observar em uma breve pesquisa no acervo do Estadão (gráficos abaixo), colocando a palavra “polarização” como chave para a busca de notícias. Houve uma explosão do uso do termo desde 2018 e, em pouco mais de dois anos na década de 20, a palavra já apareceu mais do que em toda a década de 90 e anos 2000 somados.

Essa pequena estatística demonstra que a polarização é um fenômeno que foi trazido pelo surgimento de Bolsonaro no cenário político nacional como polo oposto ao PT. De 1994 a 2014, PT e PSDB não protagonizaram uma polarização, mas uma oposição. Qual a diferença?

Na oposição, os dois oponentes têm pautas diferentes, mas reconhecem o direito do oposto existir. Na polarização, por outro lado, esse direito não é concedido. A retórica é de destruição do oponente, não de discordância.

Acredito que a Lava-Jato tenha sido o turning point que levou o país à polarização. Já não bastava fazer oposição ao PT da forma como o PSDB vinha fazendo há 25 anos. Era necessário destruir, eliminar o PT da vida política nacional. Afinal, a organização criminosa que surgiu das denúncias da Lava-Jato podia ser tudo, menos um oponente legítimo. Bolsonaro soube captar esse sentimento majoritário da sociedade brasileira.

Isso já poderia ter acontecido em 2006. O mensalão foi o primeiro grande esquema de corrupção nacional protagonizado pelo PT. Alckmin era o então candidato do PSDB. Lembro de um debate entre os dois candidatos no 2o turno, em que Alckmin tentou usar o mensalão para encostar Lula na parede. Lula, com toda a verve que Deus lhe deu, minimizou o ataque, dizendo que o seu adversário estava ”um pouco nervoso”. Lula estava confortável. O fato de ter chegado até ali já era uma vitória e tanto, graças, em boa parte à pusilanimidade do PSDB, que optou por deixar Lula “sangrar” até as eleições ao invés de patrocinar um pedido de impeachment que tinha boas chances de prosperar. Lembrando que o PT não teve pejo de pedir o impeachment de FHC em seus dois mandatos. O PT polariza, o PSDB faz oposição. Em 2018, o PT encontrou um adversário que também polariza.

Chegamos em 2022, com o mesmo Alckmin cerrando fileiras para destruir um adversário comum.

Sob o manto da “defesa da democracia”, Alckmin se junta ao partido que fez o que pôde para destruir os pilares mesmo das instituições democráticas. Sim, é inegável que PSDB e PT têm afinidades ideológicas. Mário Covas subiu no palanque de Lula em 1989 contra Fernando Collor. Mas isso foi antes do mensalão e do petrolão, o que deixa para Covas o benefício da dúvida. Alckmin é cria de Covas, e repete o gesto de seu mentor 33 anos depois, como se nada tivesse ocorrido em todos esses anos. A história se repete como farsa.

Bolsonaro é, hoje, o personagem que polariza com o PT. Está na frente nas pesquisas em relação a todos os candidatos da chamada “terceira via” justamente por causa disso. No entanto, a sua eventual derrota nas eleições não tirará das páginas dos jornais a palavra “polarização”. Este é um sentimento que veio para ficar em boa parte da sociedade brasileira. Enquanto o PT existir, haverá polarização, porque aprendeu-se que fazer oposição não basta para um partido com essa natureza.

Chuchu na agricultura

Lula ofereceu o Ministério da Agricultura para Alckmin.

Essa ideia claramente não é boa, porque a piada já vem pronta, de tão óbvia: ninguém entende mais de plantio do que um chuchu.

Tenho uma ideia melhor: Lula deveria criar o Ministério das Privatizações e entregá-lo a Alckmin. Mataria dois coelhos com uma cajadada só.

Em primeiro lugar, iludiria a Faria Lima com a criação de um ministério todinho dedicado às privatizações. E, com a indicação de Alckmin, que, por algum motivo misterioso, é considerado um liberal pelos farialimers, essa ilusão ganharia credibilidade.

Ao mesmo tempo, Alckmin, envergando o jaleco das estatais, dedicaria toda a sua convicção e competência à nobre tarefa de encontrar desculpas convincentes para os eternos atrasos no cronograma das privatizações, assim como fez aqui em São Paulo nas obras do Rodoanel e do metrô. Ficaria a Faria Lima sempre na expectativa, à espera do Godot das privatizações. Não consigo pensar em função mais nobre do futuro ministro em um governo do PT.


A menção ao Ministério da Agricultura me fez lembrar um episódio dos estertores do regime militar. João Figueiredo havia sido escolhido para suceder a Ernesto Geisel como o quinto presidente do ciclo militar, e surpreendeu o mundo político e econômico ao escolher Delfim Netto, o todo poderoso Ministro da Fazenda do governo Médici, para comandar o Ministério da Agricultura

.A escolha deixou perplexo o mundo político e econômico da época, dada a notória falta de conhecimento do mundo agrícola do ex-czar da economia. Foi até objeto de um quadro do humorístico “Planeta dos Homens”, em que Jô Soares interpretava o Dr. Sardinha, uma paródia de Delfim às voltas com os problemas do setor agrícola. Seu mote era “meu negócio são os números!”.

Depois de apenas 5 meses, em meio a uma inflação galopante, Figueiredo substitui Mario Henrique Simonsen (ex-ministro da Fazenda de Geisel) por Delfim Netto no Ministério do Planejamento. Delfim estava de volta ao comando da economia, onde ficaria até o fim do governo Figueiredo.

Enfim, nenhum paralelo com uma eventual indicação de Alckmin para a Agricultura, a não ser o fato de que o ex-governador não é do ramo. Para quem gosta ou acredita em coincidências, este episódio do governo Figueiredo nos lembra que o Ministério da Agricultura já serviu como guarida provisória para um político que aspirava a voos maiores.

A volta dos que não foram

Passeando por alguns posts antigos, redescobri esta pérola. Faltando pouco menos de um ano para as eleições de 2018, o então pré-candidato do PSDB à presidência, Geraldo Alckmin, coloca para fora todas as suas convicções sobre o capitalismo, em um evento patrocinado por uma ala do partido chamada “Esquerda Pra Valer”.

A estratégia era, segundo a reportagem, tentar herdar os votos de Lula, caso o então pré-candidato do PT e já condenado em 1a instância fosse impedido de concorrer.

Como se viu, a estratégia não deu lá muito certo. Mesmo tendo um latifúndio de tempo de TV e o apoio de 279 partidos, Alckmin mal ultrapassou 5% dos votos, a menor votação do PSDB desde a redemocratização. Enquanto isso, um candidato que prometia privatizar tudo quase papou a eleição no 1o turno. Sua estratégia não era herdar os votos de Lula. Era herdar os votos das viúvas do PSDB, abandonadas por um partido que insistia em ser o lado B do PT.

Hoje, o responsável pela tal “Esquerda Pra Valer” foi expulso do partido, enquanto Alckmin se auto expulsou. O PSDB, sob o comando de João Doria, quer ocupar um espaço mais à direita no espectro político. É o popular “muito pouco, muito tarde”. O PSDB perdeu o trem da história, e agora virou um coadjuvante no cenário da disputa presidencial.

Tunga, mas não mata

Em 28/04/2018, no início da campanha eleitoral daquele ano, o então candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, afirmou, em encontro com lideranças sindicais, que “se o imposto (sindical) tem imperfeições, vamos corrigi-las”.

Na ocasião, declarou-se contra o fim do imposto sindical. A repercussão foi tão negativa, que Alckmin precisou “desfazer o mal-entendido” (como se mal-entendido fosse) e, no programa Roda-Viva, três meses depois, o candidato jurou, de pés juntos, que o malfadado imposto, se dependesse dele, estava enterrado.

De volta a 2022, Alckmin se mostra preocupado com a revogação da reforma trabalhista, proposta pelo seu noivo, Lula. Paulinho da Força, em encontro com o ex-governador, com quem conversa para uma possível filiação ao Solidariedade, afirma que as centrais sindicais não querem a revogação de TODA a reforma. Haveria apenas alguns pontos que mereceriam revisão. Por exemplo…Quando li a legenda da foto (“… centrais não querem desfazer a reforma inteira), apostei comigo mesmo, antes de começar a ler a matéria, que o único ponto da reforma levantado pelo imorredouro Paulinho seria o imposto sindical. Batata.

Nos idos de 2018, assim como agora, Alckmin se mostra uma mistura do passado com o futuro. Ao mesmo tempo que reconhece méritos na reforma trabalhista, não abre mão de uma visão corporativista, que beneficia grupos que mamam nas cada vez mais magras tetas do Estado. Nesse contexto, aquela jaqueta com os símbolos das estatais não foi um simples erro de estratégia de campanha. Foi antes a expressão de uma convicção, aliada a uma visão de política feita de alianças com corporações.

Geraldo Alckmin demonstra agora “desconforto” com o ”revogaço” petista. Afinal, vão jogar o bebê junto com a água do banho. Ele, assim como Paulinho, só querem a volta do imposto sindical. Parafraseando o inolvidável Maluf, “tá com vontade de phoder o trabalhador, tunga, mas não mata”. O único problema é combinar com os petistas. Com a palavra, o “pragmático” Lula.

Agora sabemos porquê

Nas eleições municipais de 2008, Geraldo Alckmin decidiu concorrer pelo PSDB para a prefeitura de São Paulo. Havia apenas um problema: não tinha como o ex-governador se posicionar naquela eleição. Em qualquer eleição, ou o candidato é situação ou é oposição. O candidato da situação era Gilberto Kassab, vice do ex-prefeito José Serra, do mesmo PSDB de Alckmin. Portanto, não dava para ser oposição. Esse posto foi ocupado pela então candidata do PT, Marta Suplicy. Sem um discurso consistente, Geraldo Alckmin chegou em um vexatório terceiro lugar naquela eleição.

Esse foi o segundo grande erro político de Alckmin. O primeiro havia sido aquela jaqueta com símbolos das estatais, que fez com que tivesse menos votos no 2o turno do que no 1o da eleição presidencial de 2006. Um feito provavelmente inédito em escala global.

Depois daquilo, Geraldo Alckmin logrou vencer as eleições para governador de SP em 2010 e 2014. Seu grande capital eleitoral está no interior do estado, onde sempre obteve votos suficientes para compensar performances sofríveis na capital. Apenas como referência, o interior do estado de SP tem mais ou menos 55% da população do estado, ficando os 39 municípios da região metropolitana com 45%.

Chegamos, então, em 2022. Depois do fiasco da eleição presidencial de 2018, quando o PSDB teve a sua pior votação desde a redemocratização, Alckmin tinha duas escolhas: sair para senador pelo PSDB, ou sair do PSDB para concorrer a governador por outra legenda. Mas então, o inesperado acontece: o garanhão de Garanhuns dá uma piscada para a donzela moça abandonada no baile. A racionalidade política vai para o espaço, e o ex-governador joga pela janela uma vaga certa no senado ou uma candidatura competitiva para o governo de SP, para se jogar nos braços daquele homem com coxas torneadas.

Notem que, mesmo que o namoro não dê em nada, Alckmin já carbonizou as suas chances para as outras possíveis candidaturas. Qual será a percepção do seu eleitorado do interior de SP em relação a essa aproximação? O PT foi dizimado no interior do estado nas eleições de 2018, e a única cidade importante que elegeu um prefeito petista em 2020 foi Araraquara. O interior de SP talvez seja a região mais anti-petista do Brasil. Com essa “jogada de mestre”, a terceira em sua longa carreira política, Alckmin simplesmente jogou pela janela seu único capital político.

Quando Doria escanteou Alckmin dentro do PSDB, muitos o chamaram de traíra. Observando esse movimento do ex-governador, concluímos que, na verdade, Doria agiu pela sobrevivência política, sua e do partido. Ninguém faz o que Doria fez sozinho. Ele foi só a cara do movimento que deve ter ganhado força dentro do partido desde 2018. Era preciso retirar Geraldo Alckmin do palco. Agora sabemos porquê.

Constrangedor

Quando Mário Covas subiu no palanque de Lula, no 2o turno das eleições de 1989, o gesto foi algo natural. Afinal, Lula era o representante da esquerda, e Covas sempre foi um político de esquerda, apesar de ter privatizado o Banespa e ter repassado a Nossa Caixa para o Banco do Brasil. Tem muito político “de direita” que não quer ouvir falar de privatizar banco estatal. Foi a primeira e única vez que votei em Lula.

Lembremos: o ano era 1989. O PT era apenas uma promessa. Havia eleito poucos mandatários até então, sendo a de maior destaque Luiza Erundina na cidade de São Paulo. O partido era uma página em branco.

Fast forward para 2021. Tivemos o mensalão. Tivemos o petrolão. Lula foi preso com sentença confirmada em três instâncias e só está solto com direitos políticos intactos porque inventaram um conluio entre o juiz e os procuradores, como se as provas levantadas tivessem sido inventadas.

Apoiar o PT em 1989 tinha a desculpa da ignorância. Apoiar o PT em 2021 não tem mais desculpa. Covas, nas eleições de 1998 para o governo de São Paulo, foi para o 2o turno contra Paulo Maluf. Na campanha, mandou espalhar outdoors pela cidade com a foto de um garotinho e, do lado dele, a frase: “papai, é bonito roubar?”. Uma bela sacada, que serviria em uma campanha contra Lula.

Vivo estivesse, não tenho dúvidas de que Covas, se por um lado, se oporia veementemente a Bolsonaro, por outro não sei se faria essa festinha para Lula. Ele não costumava entrar em roubada, se é que me entendem.

Alckmin era a cria política de Covas, tendo sido seu vice na mesma campanha de 1998 e depois assumindo o governo após a morte do governador, em 2001. Desde então, foi governador de São Paulo n vezes e conseguiu a façanha de ter menos votos no 2o turno do que no 1o na campanha de 2006, um ano depois do mensalão. Protagonizou a cena que talvez tenha sido a mais constrangedora da política brasileira, ao vestir um jaleco com os símbolos das estatais, renegando a obra de seu padrinho político.

Nada mais natural que hoje Alckmin se sinta “honrado” em ser lembrado por Lula para ser seu vice. Alckmin caiu em ostracismo depois do vexame da eleição de 2018 e de perder o partido para o seu afilhado Doria. Ser lembrado é, antes de mais nada, um afago no seu ego, mais do que uma escolha política. Talvez seja mais constrangedor que o jaleco das estatais.

A bandeira do anti-petismo

Em seu artigo semanal, Guzzo toca em um ponto que discuti ad nauseam durante as eleições: a ridícula estratégia de Alckmin durante a campanha. Em uma eleição quase plebiscitária, onde se estava decidindo se o PT deveria ou não voltar ao poder, Alckmin atacava Bolsonaro usando justamente as bandeiras do PT, chamando-o de homofóbico e misógino, ao invés de tentar se colocar como “O” candidato anti-PT. E não adiantava (como não adiantou) dizer que seria o único capaz de bater o PT no 2o turno. Afinal, de que servia ter um candidato como Alckmin no 2o turno, se ele não era um “antipetista de verdade”?

(Só um parênteses: pesava também contra Alckmin o fato de ter uma base de partidos do chamado “centrão” a apoiá-lo, em uma eleição “anti-sistema”. Então, mesmo que tivesse se travestido de “o anti-petista”, acho que não chegaria ao 2o turno. Mas, provavelmente, teria mais do que os 5% de votos que teve. Fecha parênteses).

Não é à toa que Bolsonaro elegeu Witzel e, num segundo plano, Doria, como seus inimigos mortais. As suas diatribes contra os governadores têm, na verdade, esses dois como alvos. Ao contrário de Alckmin, Witzel e Doria, principalmente o primeiro, têm irrefutáveis credenciais anti-petistas. Em uma eleição, disputariam o mesmo eleitor. Huck, por outro lado, representa essa elite de consciência pesada (o que Guzzo chama de “banqueiro de esquerda”) que não vai a lugar algum, como Alckmin não foi.

Mas (e esse mas é importante) ainda estamos a pouco menos de 3 anos das eleições. É uma eternidade. Teremos que ver se o sentimento anti-petista será o principal fator de decisão do eleitor em 2022. Se não for mais, os termos da eleição mudam. Por isso, o Supremo (ao revogar a prisão após condenação em 2a instância), o Papa, a prefeita de Paris e júri do Oscar vêm prestando um grande serviço ao bolsonarismo, ao manter a chama do anti-petismo acesa. Só falta, como cereja do bolo, o Supremo liberar a candidatura do não-proprietário do triplex. Desconfio de que este seja o sonho secreto de Bolsonaro.