Lula tem razão.
Os petistas têm razão.
A Lava-Jato é política.
O juiz Sérgio Moro, estudioso da Operação Mãos Limpas, sabe que, sem o apoio da opinião pública, um juizinho de primeira instância e alguns procuradores obscuros não iriam longe contra as forças mais poderosas da República. E este apoio da opinião pública se consegue construindo uma narrativa política. Claro, os pressupostos técnicos devem estar lá, mas estão longe de bastarem. É preciso contrapor a narrativa da “perseguição”, a narrativa do “golpe”, com a narrativa da “justiça para os poderosos”. Para isto, é mister algum “show midiático”, do qual faz parte a construção do mito “Moro herói” e do “Japonês da Federal”. Obviamente, um show midiático sem provas não iria muito longe. Mas provas sem um show midiático também ficariam pelo meio do caminho.
A história dos países é feita do encontro entre instituições e homens. O instituto da delação premiada encontrou Sergio Moro e os procuradores liderados por Deltan Dallagnol, em um alinhamento que está levando o país a um outro patamar civilizatório. Não, não tenho ilusão de que o Brasil mudou da noite para o dia. As mudanças culturais acontecem muito lentamente, em um tempo medido em gerações. Mas tampouco trata-se de um processo contínuo. Ele se dá aos saltos, por força da reação a tensões acumuladas ao longo do tempo. O Brasil de hoje é fruto da reação da sociedade brasileira à ditadura militar. O Brasil de amanhã será fruto da reação da sociedade brasileira ao assalto (em todos os sentidos) das instituições por um grupo político.
Estamos escrevendo a História.
13/03: te vejo na Paulista.