Deve ser uma tática

Os militantes do PT hostilizam os repórteres da Globo, e depois o presidente do partido reclama que não houve cobertura “suficiente” dos atos em favor do governo.

Deve ser uma tática, sei lá.

A provável votação pelo impeachment

Em 1992, fizemos um bolão no escritório sobre o número de deputados que iriam votar a favor do impeachment do Collor. No final, foram 441 votos. Eu havia chutado 400 e ganhei, pois o meu número havia sido o maior. Meu raciocínio foi o seguinte: como o voto é aberto, nenhum deputado do centro quer ficar mal com o novo governo. Assim, na medida em que a votação avança, e mesmo antes, os indecisos vão pendendo para a maioria. No final, votam contra apenas aqueles do núcleo duro em torno do presidente. Teve até deputado que reformou o seu voto após a votação, para não ficar mal. Este ano tem a votação no Senado, mas o raciocínio é o mesmo.

Considerando que PT e seus satélites somam menos de 100 deputados, é possível que o total de votos pelo impeachment ultrapasse novamente 400.

O herói nacional

Todos estão reverenciando Sergio Moro como herói nacional, e com razão. Mas, lendo a entrevista de Delcidio na Veja desta semana, não podemos deixar de reverenciar outro herói, injustamente esquecido: Bernardo Cerveró.

Narrativas

16/10/2014: terceiro debate presidencial entre Aécio e Dilma, no SBT. Aécio está especialmente agressivo, e Dilma termina o debate nocauteada. O massacre foi tão forte, que Dilma perde o rumo na entrevista pós-debate. Como se enrola diante da repórter (o que não é incomum, diga-se de passagem), Dilma começa a passar mal (ou faz de conta que está passando mal, tanto faz). Senta-se, e é socorrida por João Santana. Ali nasce a estratégia “Aécio maltrata mulheres”, que roubará preciosos pontos do tucano na reta final da campanha. A durona, aquela que havia sobrevivido à tortura, o coração valente, havia sido maltratada por um monstro misógino. A mistificação colou, e o resto é história.

16/03/2016: Dilma e Lula são gravados em uma conversa telefônica, aparentemente tramando a posse antecipada de Lula como ministro, para fugir da jurisdição do juiz Moro. O telefone grampeado era de Lula, com a devida autorização judicial. Mas Dilma começa uma campanha, martelando dia e noite que a presidente foi grampeada sem autorização do STF. E mais: que houve “vazamento seletivo”, e não levantamento legal do sigilo. A mistificação está sendo repetida dia e noite, por Dilma e por todos os militantes do PT, incluindo “juristas”, com o claro objetivo de colar em Sérgio Moro o rótulo de “juiz parcial, que age ilegalmente com fins políticos”.

Funcionou com Aécio em 2014. Vai funcionar com Moro em 2016?

A bolsa antecipa o impeachement

Você pode pensar que o país está caminhando para o caos.

A bolsa subiu hoje quase 7%.

O mercado financeiro não gosta do caos.

O mercado financeiro gosta da tranquilidade e da previsibilidade.

Tranquilidade e previsibilidade impossíveis em uma eventual continuação do governo Dilma.

A bolsa antecipa os fatos.

A bolsa hoje antecipou o fim da intranquilidade e da imprevisibilidade.

A bolsa hoje antecipou o fim do governo Dilma.

De onde se conclui

Acompanhe.

Se Dilma não seguia as determinações “milagrosas” de Lula antes, por que seguiria agora? Só porque ele virou ministro?

– Ah, mas como ministro, ele tem mais poder de negociação com o Congresso.

Lula não precisa de uma pasta para negociar no Congresso. Aliás, ele já fez isso. O problema sempre foi Dilma entregar o que foi negociado. E isso não muda com Lula ministro. Afinal, Dilma continua tendo a caneta.

– Ah, mas agora é diferente. Dilma está muito fraca, e fará tudo o que seu mestre mandar.

Se é assim, pra que mesmo Lula precisa de um ministério? Basta mandar, de onde quer que esteja.

De onde se conclui que Lula só foi para o Ministério para mudar de foro.