Acabo de ler “O ópio dos intelectuais”, do filósofo francês Raymond Aron, presente de aniversário de meu querido irmão Marcos Guterman.
Top 10 do universo. O cara escreve na França da década de 50, e parece estar descrevendo o Gregório Duvivier ou a teologia da libertação.
Em algumas passagens o livro fica chato, porque Aron entra nas minúcias dos debates intelectuais de seu tempo e lugar. Mas vale perseverar na leitura, para encontrar pensamentos como os seguintes:
“É sempre espantoso ver um pensador parecer indulgente com um universo que não o toleraria e implacável com aquele que o honra.”
“O marxismo é uma filosofia de intelectuais que seduziu uma parte do proletariado, e o comunismo se serve dessa pseudociência para chegar ao seu objetivo específico, a tomada do poder. Os operários não acreditam espontaneamente que foram eleitos para a salvação da humanidade. Muito mais forte neles é o desejo de uma ascensão à burguesia.”
“Os alunos da École Normale Supérieure (aqui seria a FFLCH-USP ou qualquer outra faculdade pública da área de humanas) pensam os problemas políticos, em 1954, em termos de filosofia marxista ou existencialista. Hostis ao capitalismo como tal, ansiosos para ‘libertar’ os proletários, pouco conhecem do capitalismo e da condição operária. (…) guardadas as devidas proporções, aos professores também se aplicam as mesmas observações.”
Esta é uma pequena amostra. Recomendo para quem quer entender o Brasil deste início do século XXI.