A direção da migração

Gustavo Franco, em seu artigo no Estadão de hoje, nos traz dados reveladores: a Justiça do Trabalho consumiu, sozinha, 0,28% do PIB brasileiro em 2015. A Justiça inteira nos EUA consumiu 0,14% do PIB americano.

Não é à toa que tem um contingente imenso de trabalhadores americanos tentando migrar para o Brasil, para usufruir da proteção proporcionada por essa legislação e por essa justiça.

Mostrando como se faz

Doria afirmou que vai cortar o ponto de funcionário municipal que faltar na 6a feira.

Doria não perde uma única oportunidade de mostrar aos caciques do PSDB como se faz política.

E ainda diz que não é político.

O programa econômico do PT

O PT acaba de lançar seu “plano econômico” para debelar a crise que eles mesmos criaram. Copio na íntegra, porque não daria para explicar com minhas próprias palavras. Mistura platitudes com voluntarismo e pensamento mágico. É um plano de quem sabe que não vai voltar ao poder tão cedo.

1) Proteger os trabalhadores na crise, seus direitos e patrimônio

  • Retirar de pauta a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e revogar a lei da terceirização
  • Aumentar as parcelas do seguro-desemprego e antecipar o abono salarial de 2016, que só será pago em 2018
  • Aumentar o Bolsa Família e qualificar as famílias beneficiadas
  • Ampliar o Minha Casa, Minha Vida para habitação popular (Faixa 1)
  • Garantir o aumento real do salário mínimo
  • Ampliar os investimentos em educação e saúde pública

2) Fortalecer empresas brasileiras para gerar empregos de qualidade

  • Ampliar as linhas emergenciais do Banco do Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa para refinanciamento de dívida e capital de giro
  • Liberar o depósito compulsório dos bancos para renegociar dívidas das empresas
  • Garantir câmbio estável e competitivo
  • Fortalecer o Banco do Brasil e expandir o crédito agrícola
  • Apoiar os setores de alta tecnologia e defesa
  • Aumentar o comércio Sul-Sul, principalmente os Brics

3) Recuperar a capacidade de investimento do Estado em todas as esferas

  • Revogar a Emenda Constitucional que impôs um teto aos gastos públicos
  • Estabelecer um regime fiscal para o desenvolvimento econômico
  • Aumentar as receitas públicas por meio de tributação progressiva -Combater sonegação e recuperar a dívida ativa
  • Renegociar as dívidas dos Estados e criar plano emergencial com compromisso de investimentos

4) Investir em infraestrutura para uma economia dinâmica e eficiente

  • Recuperar as empresas de construção civil
  • Retomar as obras nos Estados
  • Concluir com urgência absoluta a transposição do rio São Francisco
  • Expandir geração de energia elétrica focada em energias renováveis baratas
  • Completar as obras ferroviárias de integração nacional
  • Criar fundo garantidor com reservas internacionais para crédito no banco dos Brics
  • Lançar o fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego

5) Recuperar o papel central da Petrobras

  • Impedir e reverter a fragmentação, destruição e privatização da Petrobras
  • Reestabelecer os planos de investimento da Petrobras

6) Redução estrutural dos juros

  • Reduzir a taxa básica de juros real
  • Definir duplo mandato para o Banco Central, que deve cuidar de inflação e emprego
  • Reduzir os ganhos bancários no crédito dos bancos oficiais para empresas e famílias

Mais um “campeão nacional”

A política de “Campeões Nacionais” continua dando seus frutos, para desespero de seus detratores.

O PCC é a mais nova multinacional genuinamente brasileira, que leva o nome do Brasil além-fronteiras, trazendo divisas para o país e fortalecendo a economia nacional.

Repartição pública

Mensagem recebida hoje da Caixa, informando que o cadastramento do meu celular para receber informações sobre o meu FGTS foi realizado com sucesso.

Detalhe: fiz esse cadastramento no site deles há um mês.

Até um simples cadastramento de celular é uma epopeia na Caixa, a repartição pública que diz ser um banco.

Quem tem a perder?

Greve geral dia 28.

Tudo porque querem colocar uma idade mínima de 65 anos para se aposentar.

Idade mínima que já é cumprida pelos mais pobres, que não conseguem provar tempo de serviço.

Greve geral dia 28.

A empregada doméstica que trabalha lá em casa não vai entrar em greve. Apesar de ter idade, não consegue comprovar tempo de contribuição. A reforma não a afeta.

Quem vai entrar em greve? Quem tem algo a perder. Os funcionários públicos. Os professores. As corporações.

Greve geral dia 28.

O Brasil a caminho de se tornar um grande Rio de Janeiro.

Humor não intencional

A melhor reportagem de humor não intencional do ano! Deixou Joselito Muller no chinelo!

D E B A T E

P R O F U N D O

N O P T

S O B R E

C O R R U P Ç Ã O

A ideia era separar aqueles que roubaram para o partido daqueles que roubaram para si mesmos.

Agora que Leo Pinheiro disse que Lula roubou pra si mesmo, estão sem saber o que fazer.

E a reportagem ainda termina com o Tarso Genro condenando os “vazamentos seletivos”.

IMPAGÁVEL!

Abusando da paciência

Lula arrolou 87 testemunhas de defesa. Moro aceitou ouvi-las todas, desde que Lula esteja presente em todas as audiências.

Pergunta: foi Moro que abusou de sua autoridade, ou foi Lula que abusou de nossa paciência?

Pés de brownies

Estudando História com meu filho, que está no 7º ano e vai ter prova na semana que vem.

O assunto: Idade Média. Estávamos na parte do livro que descrevia a vida nos feudos, descritos como autossuficientes, praticamente sem comércio exterior.

– O que é “autossuficiente”, pai?

– É que não precisa de ninguém para viver. Seria como se não precisássemos mais ir ao supermercado, pois plantaríamos tudo em casa.

– Legal! Um pé de Hershey’s, um pé de pizza…

Demos boas gargalhadas só de pensar nos pés de Hershey’s e de pizzas na varanda de casa. Depois pensei: nesta pequena sacada, meu filho de 12 anos de idade desmontou o tal de “projeto Brasil” do Bresser Pereira, e todo o chamado “pensamento desenvolvimentista”. Explico.

A sociedade atual é muito, mas muito mais complexa que a sociedade medieval. O feudo podia ser autossuficiente, pois o mais rico lá vivia uma qualidade de vida imensamente inferior em comparação ao mais pobre do mundo atual. Não havia eletricidade. Não havia banheiro. Não havia livro. Não havia vacinas nem antibióticos. A comida era aquela plantada e criada no feudo, e só. A expectativa de vida ao nascer era pouco mais de 30 anos. Dava para ser autossuficiente.

Hoje não dá. Seria impossível o acesso à quantidade de bens e serviços que temos à disposição sem comércio. E o comércio só existe com preços livres. Preços controlados tornam o comércio disfuncional, até, em alguns casos, torná-lo impossível. O sistema de preços livres faz com que a alocação de capital seja a melhor possível, a menos de distorções localizadas e não permanentes.

Todo sistema econômico que tentou controlar preços, de uma maneira ou de outra, acabou por tornar a economia um caos. Estes controles podem ser explícitos (congelamentos de preços) ou implícitos (controle de taxa de câmbio, de taxa de juros, subsídios dos mais diversos tipos, etc). Vivemos, aqui mesmo, o congelamento de preços de quatro planos heterodoxos, que resultaram em desabastecimento e, no final, não controlaram a inflação. Também vivemos a tentativa de controlar o câmbio, no governo FHC, com o resultado sabido. E vivemos os diversos subsídios na era Lula/Dilma, com as distorções que levaram à maior recessão da história brasileira.

O ideario “desenvolvimentista” tem como pressuposto o Estado ditando os preços da economia. O empresário é visto como um sanguessuga, que deve ser trazido com cabresto curto, senão acaba acumulando toda a riqueza da sociedade. A burocracia estatal teria este condão de acertar o “preço justo” dos juros, o “preço justo” do câmbio, o “preço justo” da eletricidade, etc, etc, etc. No fim, temos a destruição do sistema de preços.

Uma sociedade que destrói o sistema de preços volta a ser medieval. Não é à toa que Maduro tem estimulado o plantio de hortaliças nas casas de seus compatriotas (ele próprio cria galinhas em seu palácio). A economia medieval é autossuficiente, e a Venezuela caminha célere nesta direção. Os padeiros já estão proibidos de produzirem brownies, somente podem produzir pães básicos, pois falta matéria-prima, em função dos controles cambiais. Resta aos venezuelanos plantarem pés de brownies em suas casas.

Os fanáticos do profeta

Há algum tempo venho querendo escrever sobre isso, mas outros assuntos mais urgentes atropelaram.

Trata-se da pergunta de Eugênio Bucci a João Doria no Roda Viva. Foi a primeira pergunta do programa. Mais do que uma pergunta, Bucci tirou satisfação de Doria. Será que o prefeito de São Paulo não tem sido muito duro com Lula e com o PT? Afinal, apesar de seus erros, têm também os seus acertos, e representam (ou representaram) a esperança de milhões de brasileiros.

A resposta de Doria foi a óbvia, e o vídeo está rodando por aí. Nada justifica a roubalheira e a maior recessão do Brasil.

Eugênio Bucci retomou o assunto em artigo no Estadão na quinta-feira, reforçando o argumento com a publicidade das delações da Odebrecht. Afinal, se todos roubaram, menos justificado ainda o ódio dirigido especificamente a Lula e ao PT. Todos mereceriam a execração.

O argumento estaria correto, a menos de um detalhe, que não tem nada de pequeno: Lula e o PT se auto-proclamam os porta-vozes dos pobres, os únicos que buscam os verdadeiros interesses do povo. No dizer de Doria, na sua resposta a Bucci, “pretendem deter o monopólio da virtude”.

Quem não se lembra? Bastava criticar alguma política pública, e você era acusado de não gostar que pobre “andasse de avião”, ou que “o filho da empregada frequentasse a mesma universidade que os ricos”, ou ainda, que “a elite ficou incomodada com a ascenção dos mais pobres”.

Pior do que esse discurso, no entanto, é o tratamento de profeta que Lula recebe. Pessoas supostamente inteligentes, diante de evidências cada vez mais evidentes, preferem atacar a Lava-Jato a admitir que seu profeta talvez não seja, assim, tão santo.

Se um dia Aécio Neves ou Alckmin forem depor ao juíz Sergio Moro, juntarão, quando muito, meia dúzia de curiosos. Já Lula e o PT estão convocando os seus discípulos para defender o seu profeta. Tudo bem que está cada vez mais difícil de encontrar discípulos que atendam ao chamado sem um pão com mortadela, mas me refiro aqui aos intelectuais de miolo mole, que fazem de graça.

Esta é a diferença: o problema de Aécio ou de Alckmin com a justiça é problema deles. O problema de Lula com a justiça é problema de seus discípulos. Discípulos do profeta, que o defendem como se defendessem suas próprias vidas. Imagine se Aécio consegue subir hoje em um carro de som na Paulista e ser aplaudido. Mas Lula consegue. Esta é a diferença.

Eugênio Bucci termina o seu arrazoado com uma chamada ao diálogo. Sim, o diálogo é possível entre duas pessoas racionais, que concordam em respeitar algumas regras básicas, como a honestidade intelectual e o respeito aos fatos. Não é o caso, quando o outro lado é formado não por pessoas racionais, mas por fanáticos do profeta.