Muito interessante

Da página de André Perez Bolini:

Está tendo uma polêmica dentro do @NOVO 30 que merece destaque não pelo nome dos envolvidos, mas pelo modo que a situação está sendo conduzida.

Leandro Lyra foi eleito vereador no Rio de Janeiro em 2016 pelo NOVO, no primeiro pleito que o partido participou desde sua criação. Foi um dos mais votados. E quem vê seus discursos entende porquê: o cara é muito bom em termos técnicos, com formação acadêmica extremamente conceituada somada a uma boa oratória.

Mas o rapaz percebeu que pode ir além. De vereador, poderia se tornar deputado federal com o sucesso que está fazendo.

Mas, oras, pular de cargo em cargo, sem terminar o mandato e trair a confiança do eleitor que o elegeu para vereador – e não para qualquer outro cargo, ou tampouco deu voto para seu suplemente – seria a cara daquilo que buscamos combater no novo: a velha política.

Aqui é que está o pulo do gato na diferença do NOVO para os outros partidos: governança.

Em qualquer outro partido, o Diretório Estadual é dominado pela figura política mais forte do estado. Logo, as vontades do político tornam-se as vontades da regional partidária: um total conflito de interesses.

Mas, no NOVO, quem ocupa o Diretório não pode ocupar cargo político. A turma do diretório pensa na imagem do partido, e não no próprio plano de carreira político. Governança: tira-se poder do indivíduo que teria o maior incentivo para desvirtuar o poder. O Diretório, assim, passa a fiscalizar e cobrar os políticos do partido, zelando pelo interesse dos filiados. Laranjas podres existem em todo lugar. A questão é: como lidamos com elas?

Lyra me decepcionou. Imagino que tenha decepcionado também muitos de seus eleitores. Mas a regra do estatuto do partido é a regra, o Diretório é soberano e deve fiscalizar os políticos de sua regional.

Por isso, eu digo: o importante não é botar as pessoas certas no poder, mas construir instituições que gerem incentivos positivos até para as piores pessoas.

O NOVO vai se firmando como instituição. Ponto para o partido!

I rest my case

Em 2017, 61% das casas tinham acesso à Internet, segundo o Comitê Gestor da Internet.

Em 2016, 52% das casas tinham acesso a coleta de esgoto, segundo o Instituto Trata Brasil.

A Internet é um serviço que existe há 25 anos. A coleta de esgoto é um serviço que existe há séculos.

O acesso à Internet está nas mãos da iniciativa privada. A Internet é uma “mercadoria” e não existe previsão na Constituição do “direito à Internet”.

O acesso à coleta de esgoto está nas mãos do Estado. O saneamento básico não é uma “mercadoria” e a Constituição estabelece o “direito universal ao saneamento”.

I rest my case.

Lei da oferta e da demanda

Quando escrevi aqui sobre o tabelamento do frete, disse que era inóquo para os caminhoneiros, pois iriam acontecer duas coisas:

1) Os caminhoneiros iriam furar os olhos uns dos outros e

2) As empresas constituiriam frotas próprias, incorporando aos próprios balanços o lucro adicional dos caminhoneiros.

Não há força no Universo capaz de revogar a lei da oferta e da demanda.

Entressafra

Este infográfico do Estadão mostra tudo e não esconde nada. Mostra a entressafra de craques que o futebol brasileiro atravessa desde meados da década passada. O último a receber a bola de ouro foi Kaká, em 2007, e desde 2011, com exceção do ano passado, apenas Neymar aparece entre os 10 primeiros. Apenas como comparação, entre 1994 e 1998 e entre 2002 e 2007, sempre mais de um jogador brasileiro apareceu entre os 10 primeiros. Cinco diferentes jogadores (Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Kaká) receberam a bola de ouro em um espaço de 14 anos. Não coincidentemente, o período em que chegamos à final da Copa em três vezes seguidas.

O futebol depende de organização, disciplina, planejamento. Mas, mais do que qualquer outro esporte, o fora de série pode compensar a falta desses atributos. O Brasil virou o Egito, que depende de um craque apenas. Se este falha, torna-se um time comum.

Benesses

Ficamos sabendo que Dr. Bumbum trabalhou na Presidência da República em 2012. Portanto, no governo de Dilma Rousseff.

Mais do que a piada pronta, essa notícia nos permite saber que os funcionários da Presidência podem contar com médico próprio. Não precisam, como qualquer mortal, procurar um médico fora de seu local de trabalho quando se sentem mal.

Vai sobrar meme e piada sobre o Bumbum da Dilma. Vai faltar indignação sobre mais esta benesse absurda da elite do funcionalismo público.

Manja tudo

O Estadão traz uma entrevista com Steven Levitsky, cientista político de Harvard e autor do livro “Como as democracias morrem”.

Segundo Levitsky:

– O impeachment foi legal mas foi contrário à um certo “espírito da lei”, ao substituir um governo de centro-esquerda por outro completamente diferente, o que teria fraudado as eleições de 2014.

– Excluir qualquer candidato das eleições “é algo perigoso a se fazer”.

Adivinha qual o candidato, na visão deste senhor, que representaria o “perigo” para a democracia?

Segundo Levitsky, as democracias liberais não são simplesmente majoritárias. Por exemplo: mesmo que 99% da população vote pelo fim da liberdade de expressão, em uma democracia liberal o presidente não poderia fazer isso.

Será que Levitsky sabe que esse partido “de centro-esquerda” que foi apeado do poder defende a “regulação da mídia”?

Será que Levitsky sabe que esse partido “de centro-esquerda” usou os instrumentos da democracia para solapar a própria democracia, ao aparelhar os órgãos do Estado e comprar votos no Congresso?

Será que Levitsky está sugerindo que, em uma democracia liberal, um sujeito possa ser candidato à presidência mesmo preso? Ou que ele está preso somente por ser candidato, e em uma democracia liberal ele não estaria preso?

Levitsky compara Bolsonaro a Chávez, e coloca o PT ao lado das “legendas democráticas” que deveriam se unir para evitar a eleição do inominável. Manja tudo esse Levitsky.