Hoje, o repórter Cristian Klein, no Valor, levanta mais um fator que poderia levar a um segundo turno entre Alckmin e Bolsonaro.
Como sabem, tenho defendido que esta é uma hipótese mais provável do que tem admitido a média dos analistas, ainda presos ao esquema “PT x PSDB”, “esquerda x direita”. Em minha modesta opinião, a clivagem que vai prevalecer não é esta, mas sim “establishment x anti-establishment”.
Pelo establishment, com estrutura, apoios e tempo de TV, Alckmin está praticamente sozinho. O candidato do PT, que poderia lhe fazer sombra, está na cadeia, enquanto Ciro está sendo devidamente desidratado.
Pelo anti-establishment, ninguém veste melhor o figurino do que Bolsonaro. Marina, uma potencial competidora nesse campo, perde em termos de “novidade”.
Mas mesmo para os que ainda dão peso à clivagem “direita x esquerda” (que continua existindo, sem dúvida), Cristian Klein chama a atenção para um outro fator que vem se desenhando: a fragmentação das candidaturas da esquerda.
Em todas as eleições desde 1994, as esquerdas (com exceção do PSOL) se uniram em torno de Lula. Hoje, sem o presidiário de Curitiba, PC do B e PDT ensaiam carreiras solo, além da eterna candidata Marina Silva. Assim, a dispersão dos votos da esquerda, a não ser que ocorra um voto útil ainda no primeiro turno, pode sim viabilizar um segundo turno entre candidatos do centro-direita.
Claro, tudo pode mudar, Lula pode conseguir unir as esquerdas em torno do seu poste ainda no 1o turno, e aí então o quadro muda. Mas, do jeito que está desenhado hoje, o 2o turno pode ver sim um embate entre establishment x anti-establishment.