A Grécia saiu ontem do plano de resgate desenhado pelo FMI e Banco Central Europeu.
Reportagem do Estadão informa que a renda dos gregos caiu 30% no período, e conta as histórias tristes de algumas famílias. Todas supostamente vítimas do programa draconiano de austeridade imposto pelos credores.
Mas a história não é bem essa.
O que aconteceu na Grécia é o mesmo que está acontecendo na Venezuela, Argentina e todos os outros países que vivem acima de suas possibilidades: tem uma hora que os credores cobram a dívida.
A queda da renda, na verdade, é o processo de volta ao reino das possibilidades. Uma família que vive de crédito, vive acima de suas posses. Quando o crédito lhe é cortado, é obrigada a viver com menos. O mesmo ocorre com os países.
No caso da Grécia, que vive com uma moeda forte assegurada pela Alemanha, não havia outro caminho a não ser cortar nominalmente os salários e benefícios estatais. No caso de Venezuela e Argentina, esta queda de renda se dá através da inflação.
O Brasil seguiu esse caminho, e tivemos uma contração de renda brutal nos últimos 3 anos. Mas não nos enganemos: a trajetória fiscal ainda é delicada, indicando que ainda estamos longe de viver de acordo com nossas possibilidades. A nossa renda precisa cair ainda mais para nos adequarmos.
A única forma de fazer a renda crescer é o crescimento econômico. E não o crescimento baseado exclusivamente no crédito, que se torna depois uma bolha insustentável. Deve ser um crescimento baseado no aumento da produtividade. Não há outro caminho.