A melhor síntese

Desembarcar do moderno trem espanhol da CPTM na moderna Estação Vila Olímpia e sentir o cheiro de esgoto vindo do Rio Pinheiros é a melhor síntese de 25 anos de governos do PSDB em São Paulo.

Ligue os pontos-2

No projeto da BNCC (Base Nacional Curricular Comum) estava previsto um dia de debates nas escolas de ensino médio. O resultado é este que vai abaixo, na escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros.

29% dos brasileiros, 13% dos que terminam o ensino médio e 4% dos que terminam o ensino superior são analfabetos funcionais.

Ligue os pontos.

Ligue os pontos

Reportagens do Estadão hoje trazem três realidades brasileiras:

– Praticamente 1/3 dos brasileiros são analfabetos funcionais.

– Agências bancárias no interior do Nordeste estão trabalhando sem dinheiro vivo, em função dos constantes assaltos.

– O dia de maior movimento no comércio dessas cidades é o dia do pagamento dos aposentados.

Analfabetismo. Violência. Dependência do Estado.

Ligue os pontos da tragédia brasileira.

As estratégias dos candidatos

Reportagem hoje no Estadão traça o perfil dos “irmãos Weintraub”, Arthur e Abraham, assessores de Bolsonaro há mais de um ano.

Professores universitários, os irmãos Weintraub têm larga experiência na iniciativa privada e na academia, e são especialistas em Previdência.

Mas o que me chamou a atenção foi a migração de suas preferências políticas. Em 2014 apoiaram Marina Silva, contra “o roubo epidérmico, o patrulhamento ideológico, o narcotráfico, a ameaça do totalitarismo bolivariano”.

Ora, a migração de Marina para Bolsonaro não se encaixa em uma clivagem “esquerda x direita”. Nada indica que, em 2014, Marina fosse uma alternativa melhor ao “patrulhamento ideológico” ou ao “totalitarismo bolivariano” do que Aécio. Aparentemente, tínhamos uma clivagem “establishment x anti-establishment”, que se acentuou muito nos últimos 4 anos. Somente isso justifica a migração Marina —> Bolsonaro, opostos no campo ideológico.

Se a posição dos irmãos Weintraub indicar uma tendência importante, está clara a estratégia dos candidatos para chegar ao 2o turno:

– Alckmin, estando praticamente sozinho no campo do establishment, deve investir na clivagem “esquerda x direita”, procurando tirar votos da direita que iriam para Bolsonaro. Ana Amélia se encaixa nessa tática, assim como o discurso liberal e de segurança pública.

– Bolsonaro não está sozinho no campo anti-establishment, mas está praticamente sozinho no campo “direita”. Então, deve investir sobre outros candidatos “anti-establishment”, como Marina, atraindo votos como os dos irmãos Weintraub.

– Ciro e o candidato do PT estão no campo congestionado da esquerda, onde também estão Marina e, para os bolsonaristas, Alckmin. Portanto, devem procurar unificar os votos da “esquerda” em torno dos seus respectivos nomes. Ciro especificamente não conseguirá tirar a bandeira de “anti-establishment” de Bolsonaro ou Marina. O candidato do PT, por sua vez, é establishment e, portanto, só lhe resta apostar na clivagem “esquerda x direita”.

Agradecimento

Steve Jobs era adotado. Em determinado momento da vida, começou a procurar seus pais biológicos. Assim Jobs justificou a busca pela sua mãe, conforme a biografia de Walter Isaacson:

“Eu queria ver minha mãe biológica principalmente para saber se ela estava bem e para lhe agradecer, porque felizmente não fui abortado. Ela tinha 23 anos e passou por muita coisa para me ter”.

Sem mais.

Análise da pesquisa Ibope em São Paulo

Interessante a pesquisa Ibope em São Paulo divulgada ontem.

No cenário com Lula, o presidiário recebe 23% dos votos, enquanto Bolsonaro recebe 18% e Alckmin 15%.

Sem Lula, o quadro se inverte: Alckmin recebe 19% e Bolsonaro, 16%.

Alckmin herda 4 pontos percentuais de Lula. Mas o curioso é o que acontece com Bolsonaro, que PERDE 2 pontos sem Lula.

Seria como se, na lista com Lula, uma parcela dos eleitores escolhesse Bolsonaro porque o Lula está lá. Seria uma espécie de “voto útil” em alguém com teoricamente mais chances, hoje, de vencer Lula no 2o turno. A mesma pesquisa mostra que Lula lidera a rejeição no Estado (45%).

Excluído Lula da lista, Bolsonaro perde essa fatia de eleitores, que se veem livres para escolherem seu candidato de predileção.

Existem analistas que defendem que a candidatura Bolsonaro nasceu como um “anti-petismo”, e só mais recentemente adquiriu características de “anti-establishment”. Esses analistas defendem que a saída de Lula do jogo eleitoral prejudicaria também Bolsonaro, pois tiraria a sua razão de existir. Essa pesquisa do Ibope pode estar sinalizando isso.

(Aos bolsonaristas: pesquisa de intenção de voto não vale só quando Bolsonaro está na frente, talkei?)