Sim. E 13 milhões de brasileiros desempregados também.
Corra para as montanhas
O mercado financeiro tem como esporte ser enganado.
Com Dilma foi a mesma coisa. Dilma veio com um discursinho de eficiência e rigor fiscal que encantou boa parte do mercado durante um bom tempo. A intervenção no setor elétrico foi um choque de realidade. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, o mercado deu um voto de confiança quando Joaquim Levy foi apontado como ministro da Fazenda. Dilma havia, finalmente, se rendido à realidade.
Este é o problema do mercado: achar que todo político, mais cedo ou mais tarde, vai se render à realidade. Não lhes ocorre que, talvez, esse tipo de político ideológico realmente acredite na eficácia de medidas sabidamente ruins. Dilma se achava muito “pragmática”, palavra especialmente apreciada pelo mercado.
Lula foi o único petista capaz de surpreender e de ser realmente pragmático. Ou seja, sem escrúpulos de ganhar uma eleição com um discurso de esquerda e governar com um programa de direita. E sua ascendência sobre o partido lhe permitiu fazer isso por um tempo.
Haddad não tem ascendência sobre o partido e está longe de ser um pragmático. Trata-se de um scholar preso a esquemas ideológicos muito bem definidos.
Não se deixe enganar pelo canto das sereias. Se Haddad for eleito, corra para as montanhas.
Distribuindo a pobreza
Não há uma mísera evidência empírica de que distribuir renda gera crescimento econômico.
A falácia aqui é a seguinte, nas palavras do presidiário de Curitiba: “Eles precisam aprendê que dando dinheiro nas mão dos pobre, os pobre vão gasta e fazê gira a roda da economia” (lê-se com a língua entre os dentes).
Digamos que, da noite para o dia, como num passe de mágica, todos os brasileiros tivessem a mesma renda. O que aconteceria? Os mais pobres teriam a sua renda multiplicada por 2, 5, 10 vezes, a depender do nível de pobreza. Esses pobres começariam a consumir produtos e serviços a que não tinham acesso antes de terem ficado ricos. As empresas que produzem esses produtos e serviços se dariam bem. Essa é a parte boa.
E o que aconteceria com os mais ricos? Teriam sua renda cortada em 10%, 20%, 50%, até 99,9999% no caso dos bilionários. Estes comprariam os mesmos produtos e serviços que os mais pobres estão comprando agora. Afinal, todos têm a mesma renda! As empresas que produzem produtos e serviços para os mais ricos se dariam mal. Esta é a parte ruim.
Por enquanto, uma minoria de empresas e pessoas perderam, uma maioria de empresas e pessoas ganharam. Sounds good. Inclusive porque o consumo total aumenta muito, dado que aquele dinheiro guardado pelos mais ricos está agora nas mãos dos mais pobres, fazendo a economia girar e não mais fazendo a alegria dos bancos. Como algo assim pode ser ruim?
Pois é. Como sempre, o problema está nas consequências não intencionais. Os mais ricos são os responsáveis pela poupança do país. Ao terem sua renda cortada, não conseguem mais poupar. Viraram pobres remediados, que vivem da mão para a boca. Sem poupança não há investimento. Sem investimento não há aumento da produção. Com o aumento da demanda e sem aumento da produção, adivinha o que acontece? Isso mesmo, inflação, que come a renda de todo mundo. Terminamos em um ponto pior que o inicial. Onde está o crescimento prometido? O gato comeu.
Isso sem contar que são os mais ricos que financiam a dívida pública. Então, sem a poupança dos mais ricos, o Estado seria obrigado a viver dentro de suas possibilidades. O teto de gastos seria um passeio no parque perto disso.
Claro, sempre sobra a possibilidade de que o Estado substitua os mais ricos no fornecimento do funding para investimentos, com sua reconhecida expertise técnica e blindagem contra critérios políticos e corrupção.
Ok, esqueça.
Mas você não precisa dar crédito a este raciocínio tosco. Basta ver o exemplo dos países mais bem sucedidos em distribuir renda na marra: Cuba, Coreia do Norte, Venezuela. Sim, amiguinho, funciona mesmo.
Critérios técnicos. Bons projetos
Programa de governo do PT.
C R I T É R I O S T É C N I C O S
B O N S P R O J E T O S
País selvagem
José Maria Marín foi condenado a 4 anos de prisão nos EUA em primeira instância. Vai continuar na cadeia, mesmo com 86 anos de idade.
Os EUA são um país selvagem. Infelizmente, não contam com a ação civilizatória da 2a Turma do STF.
Dilma 2: a missão
Mais um pouco sobre “transferência de votos”.
Por enquanto, Haddad é um nanico nas pesquisas. Quando começar a incomodar, as outras campanhas começarão a lembrar do outro poste de Lula.
Dilma será a pedra no sapato na estratégia de transferência de votos. “Já elegemos um poste de Lula, vamos repetir o desastre?” é um mote óbvio.
Não à toa, mais da metade dos que votam em Lula não votam em Haddad de forma alguma, conforme DataFolha e Ibope. Isso, antes da campanha dos adversários começarem a destruição (ainda que, como sabemos, o dono de metade do horário na TV ser um incompetente nessa matéria).
Então, o PT tem 2 desafios: ligar Andrade a Lula E convencer que Andrade não é Dilma 2, a missão. Vamos ver.
Muito pouco, muito tarde
FHC mandou bem nesse artigo.
Mas, como diz o outro, muito pouco, muito tarde.
O governo bananeiro brasileiro
Digamos que eu seja um cara violento. Que eu bata na minha mulher todo dia.
Aí, um dia, minha mulher se cansa de apanhar e sai de casa, pedindo refúgio na casa do meu irmão.
Acontece que tem pouca comida na casa do meu irmão, e minha mulher é mais uma boca para alimentar. Minha mulher começa a se envolver em brigas, e apanha lá também.
Aí, eu me encho de brios, e peço satisfações ao meu irmão: “Não pode bater na minha mulher desse jeito!”
Ao que meu irmão reponde, com lógica cristalina: “Então leva tua mulher de volta pra tua casa e para de bater nela!”
O que responde o governo bananeiro brasileiro?
Erguendo o poste
A pesquisa de ontem do Ibope indicava que 28% dos eleitores de Lula votariam com certeza em um candidato indicado por Lula.
Na pesquisa de hoje do DataFolha, este número é de 31%.
Como Lula está com 37%-39% nas duas pesquisas, o potencial inicial de Haddad é de 10,4% a 12,1%, o que não seria suficiente para colocá-lo no 2o turno.
Já os que “talvez votem no candidato indicado por Lula” totalizam 22% no Ibope e 18% no DataFolha. Digamos que a propaganda do PT consiga converter metade desse contingente. Isso dá de 3,3% a 4,3% adicionais.
Ou seja, fazendo uma conta de padaria, Haddad sai com um potencial de 13,7% a 16,4%. Marina está com 16% no DataFolha e 12% no Ibope.
A questão que se coloca é: a propaganda do PT será eficiente para aumentar esse potencial? O PT tem dois desafios: fazer Haddad (ou o Andrade) conhecido e ligá-lo a Lula. Isso em menos de um mês.
O mercado ontem piorou por que já considera que o PT está no 2o turno. Eu continuo achando que os asseclas de Lula vão ter muito trabalho pra erguer esse poste.
Vai ser difícil
Alckmin tinha 3 caminhos a escolher nessa campanha, em ordem de eficácia em minha opinião: o confronto com o PT, a ideia de eficiência administrativa e a ideia de conciliação.
A ideia de eficiência pode ser combinada com a primeira e a terceira, mas não ser o eixo central da campanha, pois não empolga, não move as pessoas. Restam o confronto e a conciliação. A ideia de conciliação é atraente: afinal, os extremos normalmente são minoritários, o centro costuma ser uma avenida larga. O problema não está na ideia em si, mas na pessoa que encarna essa ideia.
Alckmin, ao falar de conciliação, soa a passar a mão na cabeça de esquerdista, de bandido ou de golpista, dependendo de quem ouve. Pertence a um partido que foi co-autor, por omissão, do desastre petista. Tem parte no “golpe”. E é apoiado pela nata da bandidagem.
João Doria, na campanha pela prefeitura de São Paulo, teria espaço para essa linha “conciliatória”. Apesar de pertencer ao PSDB, era neófito na política, visto como um outsider. Mesmo assim, optou por uma campanha agressiva anti-PT. Ganhou no 1o turno.
Esse figurino que Alckmin quer vestir ficaria bem em Luciano Huck ou Joaquim Barbosa. Veste melhor, inclusive, em Marina Silva. Alckmin, como “o conciliador”, somente reforça a imagem de um PSDB pusilânime.
Vai ser difícil.