O DataFolha traz um quadro ligeiramente diferente daquele que o Ibope mostrou. Apresenta também o crescimento de Haddad, mas de maneira bem menos intensa do que o Ibope.
A impressão que eu fiquei, fazendo algumas contas que não vou detalhar aqui, é que a sondagem anterior do Ibope, de 14/09, subestimou a subida de Haddad. Isso pode ser observado, por exemplo, na “corcova” que a “direita” abriu sobre a “esquerda”, e que depois voltou ao “normal” no levantamento de 19/09.
A DataFolha mantém a tendência de crescimento de Haddad, mas de maneira mais suave, e em empate técnico com Ciro. Ou seja, de modo geral, a 2a vaga para o 2o turno parece muito mais em aberto no DataFolha do que no Ibope.
Vejamos a divisão “direita x esquerda”, somente votos válidos (lembrando que “direita” é Bolsonaro, Alckmin, Alvaro, Amoêdo, Meirelles, Daciolo e Eymael, enquanto “esquerda” é Haddad, Ciro, Marina, Boulos, Vera e Goulart):
20/08: Direita 51,3 x 41,0 Esquerda (indecisos: 7,7)
10/09: Direita 51,8 x 40,0 Esquerda (indecisos: 8,2)
14/09: Direita 51,7 x 41,4 Esquerda (indecisos: 6,9)
20/09: Direita 51,1 x 43,2 Esquerda (indecisos: 5,7)
Podemos observar que há uma tendência dos indecisos migrarem para a “esquerda”. Provavelmente, estamos vendo os eleitores de Lula que, em um primeiro momento, ficaram órfãos, e agora decidiram migrar para Haddad. A julgar pela quantidade de indecisos, esse movimento deve estar chegando ao fim. Para encostar em Bolsonaro, Haddad precisaria roubar votos de eleitores que já haviam decidido votar em Ciro Gomes e Marina.
Este levantamento também mostra que, em tese, seria possível a vitória de Bolsonaro ainda no 1o turno, caso metade dos indecisos e 79% dos votos da “direita” migrassem para o ex-capitão. É difícil, mas possível. No Ibope, não há essa possibilidade matemática.
Acho que o mais importante dessa sondagem do DataFolha é que um 2o turno entre Bolsonaro e Haddad continua sendo o mais provável, mas está longe de estar definido.