Paulo Guedes também tem um “ambicioso plano de privatizações” para abater a dívida.
A julgar pela experiência da Grécia, seria salutar ter um plano B na manga.
Apenas um repositório de ideias aleatórias
Paulo Guedes também tem um “ambicioso plano de privatizações” para abater a dívida.
A julgar pela experiência da Grécia, seria salutar ter um plano B na manga.
Manaus não conta com uma estrada asfaltada sequer que a ligue ao restante do país.
O problema de Manaus é ter sido involuntariamente expulsa do Brasil. Manaus, hoje, está localizada em um país chamado Gaia.
Gaia é um país pitoresco. Tem índios que vivem na idade da pedra, mas contam com antibióticos importados do Brasil. Tem florestas preservadas por ONGs cujos sedes ficam em países que não preservaram suas próprias florestas. E conta com o exército de seu pior inimigo, o Brasil, para cuidar de suas fronteiras.
Exagero?
Um país se organiza em um território, onde os seus habitantes convivem sob um governo comum. No momento em que este governo precisa pedir a anuência dos verdadeiros donos da terra, índios e ONGs, para realizar obras, a soberania foi há muito perdida.
Manaus deu azar. Ficou ilhada no meio de Gaia, o país dos índios e das ONGs.
Artigo de Adriana Fernandes, hoje, no Estadão, analisa o iminente fracasso do teto de gastos e do programa de refinanciamento das dívidas dos Estados.
Diz o artigo que todos os candidatos relevantes estão atacando o teto, enquanto os Estados aguardam o próximo governo com a esperança de espetar as suas contas na União.
Se isso for verdade, as consequências serão as seguintes, isoladas ou combinadas:
Pode imprimir este post para me cobrar daqui a dois anos.
O que define um “atentado político”?
O que define um “preso político?”
A utilização da palavra “político” como adjetivo pode ter significados em dois níveis: o autor da ação e a motivação da ação. Claro, existe um terceiro nível, obrigatório, que é o fato daquele que sofre a ação ser uma figura do mundo político. Mas isso está dado nos casos em foco.
Vejamos a questão do autor da ação. Para que um crime seja considerado político, para que uma prisão seja considerada política, é necessário que o seu autor seja um adversário político. Assim, quando o regime militar prendia ou matava os seus inimigos políticos, isso podia ser classificado como prisões ou atentados políticos. Ou quando o regime cubano prende ou mata os seus adversários, isso pode ser considerado prisões ou assassinatos políticos.
No caso da prisão de Lula, não há adversário político envolvido. O judiciário, em suas várias instâncias, agiu com independência. Pode até ter errado (uma sequência de erros em série), mas não agiu como uma organização política.
No caso do atentado de ontem, aparentemente (“até o momento”, como diz o Noblat), não se trata de um ataque encomendado por nenhum partido político. O sujeito aparentemente agiu sozinho, de acordo com sua própria consciência. Portanto, neste significado, de fato, não foi um atentado político.
Vejamos, agora, a motivação.
Para que uma prisão ou um assassinato tenha a conotação de prisão ou assassinato político, é necessário que a motivação seja política. Assim, se um vizinho mata um político porque este estava saindo com sua mulher, a motivação não é política. Portanto, o assassinato não pode ser classificado como político. Por óbvio, se o primeiro significado for verdadeiro (o agente é político) é ocioso buscar a motivação, que será sempre política. O problema ocorre quando o agente não é um adversário político institucional.
No caso da prisão de Lula, a grande batalha do presidiário de Curitiba e seus asseclas do PT é tentar provar motivações políticas por trás das sentenças de Moro e dos desembargadores do TRF4. Parece óbvio que não as há. Portanto, sem motivação política, não há prisão política neste caso. Trata-se, simplesmente, de um político preso.
O caso do atentado é diferente. O autor foi filiado ao PSOL e tem, em sua página no Facebook, suficientes provas de sua simpatia pela pauta da esquerda e ódio a Bolsonaro. Portanto, por mais que seja um maluco (e pra fazer o que ele fez, só tendo um parafuso a menos), a sua motivação foi claramente política.
Assim, chegamos ao busílis da questão: para classificar um atentado como político basta a motivação, ou é necessário que o seu agente seja também um adversário politico? As duas condições são necessárias, ou apenas a segunda condição (a motivação) é suficiente?Noblat, no tuíte acima, acha implicitamente que as duas condições são necessárias. Os apoiadores de Bolsonaro acham que apenas a motivação seria suficiente para caracterizar o atentado como “político”.
Parece-me que o paralelo entre a prisão de Lula e o atentado a Bolsonaro não é adequado. Lula está na prisão porque roubou. Bolsonaro sofreu um atentado porque é de um partido adversário. Só essa diferença já basta para distinguir os dois casos. A motivação é completamente diferente nos dois casos.
No entanto, é preciso colocar a coisa na sua devida dimensão. Não se trata, “até o momento”, de uma guerra de facções, o que, no limite, poderia levar a uma Guerra Civil. Não se pode confundir a simples motivação política com a organização sistemática para eliminar fisicamente o adversário político. Nenhum partido está sequer perto desse nível, enquanto organização política.
Claro, estamos em plena campanha eleitoral. Seria ingenuidade pedir aos envolvidos a não politização de um ato com motivação claramente política. Assim como Noblat, outros jornalistas já estão condenando Bolsonaro por querer tirar dividendos políticos do episódio. Sério? Ele perdeu parte do intestino e não pode ganhar nada com isso? Se Lula, que está na prisão por motivos não políticos, foi louvado por esses mesmos jornalistas por saber fazer do “limão uma limonada”, porque Bolsonaro não pode fazer o mesmo, com motivos muito mais concretos?
Isso é uma coisa. Outra coisa é achar que Bolsonaro foi vítima de uma grande conspiração orquestrada por seus adversários, pelo grande capital globalista e pela mídia para evitar que faça a limpeza na política brasileira. Menos. Foi apenas um maluco solto por aí. Com motivação política, é verdade, mas um maluco. Só isso. Por enquanto.
Não é hora de análises.
É hora de luto.
Um ser humano foi esfaqueado por causa de suas ideias.
O livre-pensamento, base da civilização ocidental e da democracia, foi vítima da forma mais primitiva de resolução de conflitos.
Um dia triste para o Brasil.
A grande mudança dessa pesquisa Ibope foi a queda dos brancos, nulos e indecisos, de 38% para 28%. A campanha eleitoral começa a fazer efeito, movendo os eleitores.
Nenhum candidato realmente ganhou, todos os principais, com exceção de Marina, subiram 2%, inclusive o agora ex-nanico Amoêdo. Ciro subiu 3%, mas considero isso dentro da margem de erro.
Mas se nenhum candidato ganhou, houve um perdedor claro. Ou perdedora: Marina Silva. De todos, foi a única que não se aproveitou do movimento de diminuição dos brancos/nulos/indecisos. Logo Marina, que, segundo a abalizada opinião dos comentaristas isentos, havia “arrasado” Bolsonaro no debate da Rede TV. Pois é, parece que o povo não concordou muito com isso.
Mas é cedo ainda para descartar a candidata da Rede, que pode muito bem se beneficiar do voto útil de eleitores de Alckmin e Haddad que não querem um 2o turno entre Ciro e Bolsonaro. A ver.
Disse que não houve um vencedor claro. Mas podemos considerar que a pesquisa foi boa para Bolsonaro: quanto mais tempo passa sem perder votos, apesar de todo o bombardeio que vem recebendo, mais se aproxima do 2o turno. Tem muita campanha pela frente, é verdade, mas um dia a mais é um dia a menos para o ex-capitão. Os outros é que jogam contra o relógio.
E também vencedor foi Amoêdo, que empatou numericamente com Álvaro Dias, um político com muito mais quilômetros de rodagem.
Alckmin e Haddad estão na ponta oposta de Bolsonaro: cada dia que passa, é um dia a menos para tirar a vantagem de Ciro e Marina. Tem muita campanha pela frente, mas esta pesquisa Ibope não trouxe boas notícias para os dois. Um dia a mais é um dia a menos.
Depois de amanhã vai faltar um mês para o 1o turno. Será o mês mais denso para a política nacional desde o mês que antecedeu a votação do impeachment.
Trecho de reportagem do Globo deixa claro que o Museu Nacional nunca foi prioridade dentro da UFRJ.
“Os números deixam claro que a maior parte dos recursos da UFRJ são tomados por despesas obrigatórias (essencialmente folha de pagamento). Em 2017, por exemplo, elas consumiram 86,9% do Orçamento da instituição e chegaram a R$ 2,77 bilhões. Este ano, o montante será ainda maior: 87,5%, ou 2,78 bilhões.
Os técnicos do governo apontam, no entanto, que dentro dos recursos que sobram nas mãos da UFRJ, o Museu Nacional não foi uma prioridade. Ele ficou com 0,16% dos recursos livres em 2012; 0,22% em 2013; 0,19% em 2014; 0,1% em 2015; 0,11% em 2016 e 0,09% em 2017.”
Veja reportagem completa:
Pedi uma simples mudança de endereço da minha linha fixa da Vivo (sim, sou da velha guarda, ainda tenho linha fixa).
Isso foi na sexta-feira passada. Não apareceu ninguém.
Liguei no sábado, reclamando. Prometeram que um técnico iria entrar em contato até segunda-feira para agendar a visita. Ninguém ligou.
Na própria segunda, liguei para Vivo para reclamar. Fui informado que deveria aguardar 5 dias úteis para ser informado do que estava acontecendo. Coloquei uma reclamação na Anatel e estou aguardando.
Hoje, quarta-feira, descobri o que aconteceu. A foto abaixo mostra uma conferência de técnicos da Vivo na avenida JK, um trabalhando e quatro observando. Não sobrou técnico para fazer o meu serviço.
A baixa produtividade da mão de obra brasileira é um dos grandes entraves ao crescimento econômico.
Por que a candidatura Amoêdo incomoda de maneira crescente os apoiadores de Bolsonaro? (Até o momento só os apoiadores, não vi nenhum ataque do próprio candidato).
Tentaremos entender esse fenômeno investigando as semelhanças e as diferenças entre as duas candidaturas.
1) Uma primeira semelhança é que se trata de duas candidaturas de fora do establishment, que nasceram como uma reação ao establishment. No entanto, há nuances importantes: Bolsonaro é político há 30 anos. Baixo clero, ok, mas político profissional, vive disso. Amoêdo, pelo contrário, está chegando agora à política. Nunca teve cargo público, sempre trabalhou na iniciativa privada. Eu, particularmente, não gosto de gente sem nenhuma experiência política, acho que a política precisa de profissionais do ramo para funcionar. Mas, para quem quer uma renovação radical, Amoêdo é mais radicalmente anti-establishment, ainda que Bolsonaro também o seja.
2) Uma segunda semelhança é o pensamento liberal. Ambos se proclamam liberais, mas Bolsonaro é cristão-novo, e suas convicções liberais ainda não foram colocadas à prova. Amoêdo, por sua vez, criou-se em ambiente liberal, este é o seu ponto forte para quem não quer surpresas nesse campo.
3) Ambos são conservadores, mas as credenciais de Bolsonaro, neste caso, são bem mais fortes. Difícil pensar em um mote mais conservador do que “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A defesa da família, da propriedade, dos costumes estão muito mais presentes no discurso de Bolsonaro. Amoêdo dá muito mais ênfase à economia, sendo às vezes ambíguo na área dos costumes, o que já lhe valeu a pecha de “comunista”, dada pelos bolsonaristas mais exaltados.
4) Amoêdo é candidato por acaso, porque foi o líder da criação do Novo. O importante é a consolidação do Novo, a candidatura à presidência é função disso. Já a candidatura de Bolsonaro é personalista. O PSL é apenas uma barriga de aluguel, porque no Brasil não existem candidaturas independentes.
5) Amoêdo é muito menos polêmico. Suas falas são mais anódinas, mais técnicas. Bolsonaro é mais “povão”, não tem medo do politicamente incorreto. Até por conta disso, desperta paixões contra e a favor, fazendo com que seu capital de votos esteja consolidado, mas sua rejeição seja das mais altas.
6) Por fim, tanto um quanto o outro, até por suas características anti-establishment, terão imensas dificuldades de lidar com o Congresso. Bolsonaro tem a vantagem de conhecer o jogo parlamentar, apesar de se dizer fora do jogo. Já a vantagem de Amoêdo é seu temperamento mais conciliador, o que, teoricamente, favoreceria composições em torno de projetos.
Com esses elementos, podemos entender porque a candidatura de Amoêdo vem incomodando. Para alguns bolsonaristas, Amoêdo rouba votos que, de outra forma, iriam para o ex-capitão. Essa convicção tem como pressuposto os itens 1 e 2 acima: Amoêdo é anti-establishment e liberal, assim como Bolsonaro.
Roubando votos de Bolsonaro, o candidato do Novo e seus eleitores estariam agindo de modo pouco estratégico: afinal, este seria o momento de “unir as forças da direita” para nos livrarmos dos “comunistas”. Bolsonaro, por estar melhor colocado nas pesquisas, seria o estuário natural desses votos, não fosse a presença incômoda dessa outra candidatura semelhante. Ou seja, os bolsonaristas pregam o voto útil no 1o turno.
Esse argumento não faz sentido, nem do ponto de vista teórico, nem do ponto de vista prático.
Do ponto de vista teórico, Amoêdo é bem diferente de Bolsonaro. Dos 6 itens acima, nenhum é absolutamente comum, há nuances ou diferenças que podem ser importantes no momento da decisão do voto. Portanto, votar em Bolsonaro não é o mesmo que votar em Amoêdo, e existem pessoas que não votam útil de jeito nenhum (não é o meu caso).
Do ponto de vista prático, o argumento é contrário a Bolsonaro. Os bolsonaristas gostariam de receber os votos dos amoedistas para que fosse possível a vitória já no 1o turno ou, no limite, para garantir a passagem de um “candidato de direita anti-establishment” ao 2o turno. Ora, o primeiro motivo é tosco. Se fosse possível a Bolsonaro ganhar no 1o turno com os votos dos amoedistas, então será possível ganhar no 2o turno com os mesmos votos, se o próprio Bolsonaro não perder os votos que ganhou no 1o turno (tipo Alckmin em 2006). Trata-se de uma questão matemática.
Já o segundo motivo é mais relevante: e se a divisão de votos entre Amoêdo e Bolsonaro impedir que ambos alcancem o 2o turno? Isso sim pode acontecer e, em tese, justificaria o voto útil no candidato com mais chances.
Digo em tese porque depende das preferências de cada um. Se o fato de ser “anti-establishment de direita” é a coisa mais importante, então, de fato, o voto útil em Bolsonaro no 1o turno se justifica.
Se, por outro lado, o eleitor é, antes de tudo, anti-petista (como é o meu caso), então o voto em Bolsonaro não é tão óbvio assim. Bolsonaro sofre alta rejeição (que tende a aumentar durante a campanha), o que o torna presa fácil no 2o turno, inclusive para um improvável Haddad. Assim, para pessoas que dão mais valor ao anti-petismo do que ao anti-establishment, o voto útil em Alckmin poderia fazer mais sentido. Enfim, uma mensagem aos “estrategistas da candidatura Bolsonaro”, repetindo o que já disse aqui: esta eleição é cheia de nuances e pegadinhas. A decisão sobre voto útil tem mais variáveis do que o maniqueísmo de alguns bolsonaristas admitem. O mundo é um pouco mais complexo.