Mônica De Bolle tem medo de um candidato que tem um discurso liberal, mas que pode se mostrar intervencionista no futuro.
Então, ela vai votar em um candidato que tem discurso intervencionista.
Muito lógico e inteligente.
Apenas um repositório de ideias aleatórias
Mônica De Bolle tem medo de um candidato que tem um discurso liberal, mas que pode se mostrar intervencionista no futuro.
Então, ela vai votar em um candidato que tem discurso intervencionista.
Muito lógico e inteligente.
Maria Cristina Fernandes, na CBN. Depois de uma longa análise sobre a carta de FHC e outras pedindo a união dos candidatos de centro, responde a uma última pergunta.
Âncora: Dizem que Bolsonaro e Haddad são duas faces da mesma moeda. Você concorda?
Maria Cristina: não. Bolsonaro é o candidato do ódio. Haddad, apesar de setores do PT adotarem uma postura mais radical, tem procurado se mostrar muito mais conciliador.
O que de fato elas quiseram dizer:
Âncora: Maria Cristina, estamos no fim da entrevista, faz aí um merchã do Haddad.
Maria Cristina: pois não, querida. Gente, o verdadeiro candidato de centro é o Haddad, ok?
FHC está procurando costurar uma união dos candidatos “não-extremistas”.
FHC está chegando um pouco atrasado no baile.
Há dois anos, quando o PT começou sua campanha internacional de achincalhamento das instituições brasileiras, chamando o impeachment de golpe, FHC era um dos poucos brasileiros com estatura para se opor a este movimento, defendendo a legalidade do impeachment através de artigos em grandes jornais, palestras no exterior e conversas com chefes de estado.
Há um ano, quando o PT começou sua campanha internacional de achincalhamento do judiciário brasileiro, na medida em que ficava claro que o destino de Lula era a cadeia, FHC era um dos poucos brasileiros com estatura para se opor a este movimento, mostrando que Lula foi julgado e condenado por um judiciário independente, através de artigos em grandes jornais, palestras no exterior e conversas com chefes de estado.
FHC não fez nada disso.
FHC se omitiu.
E agora, a duas semanas das eleições, FHC vem pregar a “união das forças democráticas”.
FHC, vai catar coquinho.
Em 1861, os Estados do Sul declararam guerra aos Estados do Norte. Os Estados Unidos entravam, assim, em um período de 4 anos de uma guerra civil que deixou cerca de 700 mil mortos. Atualizando para a população de hoje, seriam 5 milhões. CINCO MILHÕES DE MORTOS.
Não consigo pensar em nada mais divisor do que uma guerra civil. E os Estados Unidos são o que são. Não apesar da guerra, mas POR CAUSA da guerra. Não fosse a vontade férrea de Abraham Lincoln, até hoje considerado o maior presidente da história dos EUA, o país não passaria hoje de uma série de republiquetas. A divisão não tem nada a ver com o desenvolvimento dos países. Todos os países desenvolvidos têm divisões internas fortes e que levam, muitas vezes, à paralisia do governo. O que há, no entanto, é a convicção de que não há solução fora da democracia. Lembrando Churchill, a democracia é o pior de todos os sistemas de governo, com exceção de todos os outros.
Países com pensamento único são totalitários. Países democráticos resolvem seus impasses no voto, com um judiciário independente e uma imprensa livre.
A ascensão de Bolsonaro foi a resposta dada pelo povo brasileiro à apropriação do Estado brasileiro pelo PT, sob o olhar complacente dos tucanos. Se hoje Bolsonaro e PT polarizam as eleições, é porque o auto-denominado “centro democrático” não deu as respostas corretas no tempo correto. A tentativa de aglutinar forças a duas semanas das eleições soa patética.
Uma candidatura é uma construção com base na realidade. E a realidade é que o “centro democrático” representa pouca gente hoje. Por culpa exclusiva daqueles que hoje clamam por uma “união do País”.
O DataFolha traz um quadro ligeiramente diferente daquele que o Ibope mostrou. Apresenta também o crescimento de Haddad, mas de maneira bem menos intensa do que o Ibope.
A impressão que eu fiquei, fazendo algumas contas que não vou detalhar aqui, é que a sondagem anterior do Ibope, de 14/09, subestimou a subida de Haddad. Isso pode ser observado, por exemplo, na “corcova” que a “direita” abriu sobre a “esquerda”, e que depois voltou ao “normal” no levantamento de 19/09.
A DataFolha mantém a tendência de crescimento de Haddad, mas de maneira mais suave, e em empate técnico com Ciro. Ou seja, de modo geral, a 2a vaga para o 2o turno parece muito mais em aberto no DataFolha do que no Ibope.
Vejamos a divisão “direita x esquerda”, somente votos válidos (lembrando que “direita” é Bolsonaro, Alckmin, Alvaro, Amoêdo, Meirelles, Daciolo e Eymael, enquanto “esquerda” é Haddad, Ciro, Marina, Boulos, Vera e Goulart):
20/08: Direita 51,3 x 41,0 Esquerda (indecisos: 7,7)
10/09: Direita 51,8 x 40,0 Esquerda (indecisos: 8,2)
14/09: Direita 51,7 x 41,4 Esquerda (indecisos: 6,9)
20/09: Direita 51,1 x 43,2 Esquerda (indecisos: 5,7)
Podemos observar que há uma tendência dos indecisos migrarem para a “esquerda”. Provavelmente, estamos vendo os eleitores de Lula que, em um primeiro momento, ficaram órfãos, e agora decidiram migrar para Haddad. A julgar pela quantidade de indecisos, esse movimento deve estar chegando ao fim. Para encostar em Bolsonaro, Haddad precisaria roubar votos de eleitores que já haviam decidido votar em Ciro Gomes e Marina.
Este levantamento também mostra que, em tese, seria possível a vitória de Bolsonaro ainda no 1o turno, caso metade dos indecisos e 79% dos votos da “direita” migrassem para o ex-capitão. É difícil, mas possível. No Ibope, não há essa possibilidade matemática.
Acho que o mais importante dessa sondagem do DataFolha é que um 2o turno entre Bolsonaro e Haddad continua sendo o mais provável, mas está longe de estar definido.
Na minha já longa vida, me lembro da criação de vários tributos, com os mais diversos nomes e justificativas.
Político, quando você baixa a guarda, vai criar mais um imposto, certeza. Por um motivo muito simples: é mais fácil arrecadar do que cortar despesas.
Como eu ia dizendo, já vi a criação de muitos tributos. Mas a extinção de tributos, só vi em duas ocasiões: em 2007, a CPMF, e em 2017, o imposto sindical.
Para político acabar com tributo, é que a coisa chegou em um nível de irritação popular tal, que o próximo passo seria a Queda da Bastilha.
A CPMF era desses tributos que simbolizavam, como nenhum outro, a derrama. O imposto de renda você vê uma vez por mês. O IPTU e o IPVA são vistos uma vez por ano. Os impostos indiretos você não vê nunca, estão embutidos nos produtos. A CPMF a pessoa via todo santo dia, no seu extrato de conta corrente. Todo dia, um pouquinho da sua riqueza era subtraída. Aquilo me irritava profundamente.
Sem contar que atrapalhava qualquer transação financeira. Você precisava ficar planejando se ia passar um cheque, ou se valia a pena fazer um investimento.
Fora que se trata de um imposto cumulativo, que onera crescentemente toda a cadeia produtiva. E derruba a produtividade da economia, ao jogar areia nas correntes de transmissão do mercado financeiro.
A coisa chegou a tal ponto, que um dia disseram basta, e terminaram com aquela palhaçada. E isso com um presidente recém-reeleito, com bons índices de popularidade.
Agora, Paulo Guedes volta a citar um “imposto sobre transações financeiras”. Diz que não é CPMF, mas tem rabo de CPMF, focinho de CPMF e cheiro de CPMF. Paulo Guedes diz que não seria para aumentar a carga tributária. Afinal, ele é um liberal da gema. O novo imposto substituiria todos os outros federais, para “simplificar” o sistema.
Ora, existem muitas e boas propostas de racionalização tributária na praça, não precisa reinventar a roda. O imposto sobre transações financeiras não é praticado em nenhum lugar do mundo. Por algum motivo deve ser. Estudaram a implantação na Europa durante um tempão, como forma de obrigar o sistema financeiro a “contribuir” para ressarcir as perdas da crise. Desistiram, pois causa mais distorções do que benefícios.
A CPMF foi também proposta por Mauro Benevides, o assessor econômico do Ciro. Seria apenas sobre as transações “dos ricos”, acima de um determinado valor. É que, no meio de tantas propostas alopradas, essa acabou passando despercebida.
Quando, no entanto, a proposta vem de um Paulo Guedes, chama a atenção. Porque ele trabalhou no mercado financeiro, e sabe como esse imposto é pernicioso.
Mas, mais do que isso: Paulo Guedes deveria saber que a CPMF (com qualquer nome que se queira dar, e com as mais nobres intenções que se possa ter), foi escorraçada do Brasil em 2007, e o cidadão quer ver esse tributo pelas costas. Tudo o que Bolsonaro não precisava, neste momento, é começar a discutir a volta da CPMF.
Como já disse o próprio Paulo Guedes: ele propõe as coisas, mas é Bolsonaro quem define a viabilidade política das propostas. Eu só não imaginava que Paulo Guedes fosse tão cru em termos de sensibilidade política.
Paulo Guedes propõe uma simplificação tributária: a volta da CPMF, substituindo todos os outros impostos federais.
CPMF.
Com um amigo desses, Bolsonaro não precisa de inimigos.
Pelo que pude perceber até o momento, os motivos pelos quais um eleitor escolhe Bolsonaro são os seguintes (não necessariamente nesta ordem):
Por outro lado, os motivos pelos quais os atuais eleitores de Bolsonaro talvez mudassem de voto são os seguintes (o “apesar de” das declarações de apoio ao candidato):
Alckmin somente conseguirá passar ao 2o turno se contar com os votos úteis de outros nanicos E roubar votos de Bolsonaro. Caso contrário, não ultrapassará Haddad.
O voto útil pode até acontecer, mas não sem antes o tucano roubar votos do ex-capitão. Ninguém vai votar útil em um perdedor.
Pois bem. Para roubar votos de Bolsonaro, Alckmin precisaria mostrar que tem pelo menos um dos quatro requisitos que fazem hoje a preferência por Bolsonaro chegar a quase 30%, combinado com os requisitos que fazem alguns de seus eleitores ficarem com a pulga atrás da orelha.
Daqueles quatro requisitos, três, em tese, estão ao alcance do ex-governador: o anti-petismo, o liberalismo e o conservadorismo.
Pois bem.
A tática usada hoje pelo candidato do PSDB não reforça nenhum desses itens. Pelo contrário, sabota-os.
Ao se colocar como “a alternativa moderada”, batendo tanto em Bolsonaro quanto no PT, a bandeira do anti-petismo se dilui. Na verdade, fica parecendo uma bandeira de “anti-extremismo”, muito ao gosto de certa intelectualidade, mas longe do que o mercado eleitoral quer hoje. O pessoal está com sangue na boca, dos dois lados da trincheira. Quem fica no meio, como Alckmin e Marina, leva chumbo dos dois lados.
Com relação ao conservadorismo, a mensagem que Alckmin passa ao usar imagens de Maria do Rosário para atacar o candidato do PSL é de que o tucano apoia as pautas da moça. Aliás, insistir no tratamento que Bolsonaro dispensa às mulheres é, no mínimo inócuo, quando não contraproducente. Inócuo porque é encarado como “mimimi” pelo eleitor de Bolsonaro (observe que não coloquei o tratamento dado a mulheres e minorias como um “apesar de” da candidatura do ex-capitão). Contra-producente porque identifica Alckmin com a pauta “progressista” nos costumes e, no limite, com o petismo, o que enfraquece o posicionamento do candidato.
Por fim, resta o liberalismo. Para se destacar neste item, Alckmin, no mínimo, deveria dizer que iria privatizar a Petrobras, para pelo menos empatar com o liberalismo selvagem de Paulo Guedes. Mas seu economista já disse que a Petrossauro é uma empresa simbólica. Mais um item, na cabeça do Bolsonarista, a identificar o tucano com o PT. E não adianta dizer que no passado Bolsonaro defendia isso ou aquilo, que não dá para confiar no Posto Ipiranga, etc. O eleitor de Bolsonaro está tão sedento por qualquer gota de liberalismo, que abraça a primeira estória que lhe contam. E Paulo Guedes cumpre bem esse papel.
O que deveria fazer Alckmin, se é que dá tempo de fazer alguma coisa. Três coisas:
Se Alckmin conseguisse passar ao menos duas dessas três mensagens, talvez (talvez) os pontos negativos do ex-capitão (aqueles que estão na cabeça dos Bolsonaristas) pudessem começar a pesar.
Mas, pelo visto, não vai acontecer.
Ibope mostrando, grosso modo, o que já havia sido mostrado pelo levantamento da última pesquisa do BTG Pactual: Bolsonaro e Haddad subindo, Ciro estável e o resto caindo.
Vejamos o que aconteceu nos campos da “direita” x “esquerda” nas últimas 4 pesquisas Ibope, incluindo esta. Lembrando que “direita” é Bolsonaro, Alckmin, Amoêdo, Álvaro, Meirelles, Daciolo e Eymael, enquanto “esquerda” é Haddad, Ciro, Marina, Boulos, Vera e Goulart. Sempre em percentual dos votos válidos.
20/08: Direita 47,9 x 39,4 Esquerda (indecisos 12,7)
05/09: Direita 49,4 x 41,8 Esquerda (indecisos 8,9)
11/09: Direita 55,6 x 35,8 Esquerda (indecisos 8,6)
18/09: Direita 48,8 x 41,9 Esquerda (indecisos 9,3)
Ao contrário do DataFolha, que vem mostrando uma maior estabilidade nesta relação, a pesquisa do Ibope mostrou um crescimento da “direita” bastante significativo na pesquisa de 11/09, para voltar ao “normal” na pesquisa de hoje.
Esta “corcova” do dia 11/09 foi causada pela queda de Marina Silva e aumento das intenções de voto em Bolsonaro logo depois do atentado. O que aconteceu nesta última pesquisa foi que Bolsonaro ficou praticamente parado (em termos de votos válidos), enquanto Haddad recapturou os votos de Marina Silva, além dos votos de Vera Lúcia, Goulart e Boulos, que não pontuaram nessa pesquisa, e até de Ciro, que caiu 1 ponto em termos de votos válidos. Ou seja, Haddad vem concentrando os “votos úteis” da esquerda. Se essa tendência se consolidar, será muito difícil tirá-lo do 2o turno.
Por outro lado, os votos da “direita” parecem ser suficientes para eleger Bolsonaro. Caso, claro, os votos de Alckmin, Amoêdo, Meirelles e Álvaro migrem para o ex-capitão. O que está longe de ser garantido.
Faltam 19 dias para as eleições. Uma eternidade.