1) A soma de Haddad, Ciro, Marina e Boulos fica aproximadamente 3 pontos percentuais abaixo de Bolsonaro. Ou seja, para Haddad ganhar, seria necessário converter 100% desses votos, e praticamente 2/3 dos votos de Alckmin. Ou, roubar votos de Bolsonaro. Em 2006, Alckmin conseguiu essa façanha, de ter menos votos no 2o turno do que no 1o. Bolsonaro tem se mostrado politicamente mais habilidoso, mas precisa fazer algum aceno para o centro (na minha opinião já começou em seu discurso pós-resultado, comentarei isso em outro post).
2) Dos 9 estados do NE, 7 tiveram definição do governador no 1o turno. Ou seja, os governadores eleitos ficarão se equilibrando entre o desejo do seu eleitorado (do qual já não dependem mais) e o desejo de ficar bem com quem tem a “expectativa de poder”, no caso, Bolsonaro.
3) Doria ganhou o adversário de 2o turno que pediu a Deus.
4) Quem é Witzeu? Quem é Zema? Quem é Ibope? Quem é DataFolha?
5) Romeu Zema, do Novo, com mais de 40% dos votos em MG. É virtualmente o novo governador de MG, pois os petistas não vão votar no Anastasia.
6) Dilma, Suplicy e Lindbergh fora do Senado. No caso de Dilma e Suplicy, o recall desses candidatos foi confundido com intenção de voto nas pesquisas. Se o recall já tem um papel importante em pesquisas para presidente e governador, imagine para o senado, onde as pessoas costumam escolher os seus candidatos na véspera da votação.
7) Se 100% dos eleitores de Amoêdo tivessem votado em Bolsonaro, a eleição ainda assim iria para o 2o turno.
8) Amoêdo teve mais da metade dos votos de Alckmin. Chegou em 5o lugar, sem participar de debates e sem ter tempo de TV.
9) Eu achava que dava para o Amoêdo chegar na frente da Marina. Mas o Daciolo? Marina, claro, sofreu com o voto útil em Haddad e, na reta final, em Ciro. Mas Amoêdo também sofreu com o voto útil em Bolsonaro, e mesmo assim teve 2,5x mais votos que a candidata da Rede. A diferença é que Amoêdo tinha um discurso, enquanto Marina ficou tateando em busca de uma “3a via” inodora, incolor e insípida. Até o discurso do Daciolo foi mais eficiente, como se viu.
10) Este último ponto vai para o candidato que venceu as duas últimas eleições em SP no 1o turno, e colocou seus dois candidatos no 2o turno neste ano. E, mesmo assim, teve menos de 10% dos votos em seu estado. Não acho que tenha sido um problema pessoal. Chegou o tempo do PSDB de FHC, Serra e Alckmin. O partido, a partir de agora, está nas mãos de Doria e dos assim chamados cabeças-pretas. Se isso é bom ou ruim, o tempo dirá. É só uma constatação.