Bolsonaro e Haddad (mais este último), terão que fazer acenos para o centro.
Bolsonaro, em seu discurso pós-resultado, repisou todos os pontos de sua campanha, que lhe garantiram 46% dos votos válidos. Mas acrescentou algo importante: falou em bancada no Congresso, em 300 deputados honestos com os quais pode contar. Com essa sinalização, mata dois coelhos com uma cajadada só: demonstra apreço pelo Congresso e, indiretamente, pela democracia e, além disso, mostra que pode ter governabilidade, que é o grande receio do establishment empresarial.
Haddad, por outro lado, tem como seu primeiro compromisso de campanha a sua visita semanal ao presidiário de Curitiba. Não consigo pensar em coisa mais sectária do que isso. Se tem algo que Haddad não precisa, neste momento, é reforçar seus laços com o lulismo. A única chance de Haddad é ser mais Haddad e menos Lula. Os eleitores de Lula ele já os tem todos, ele precisa conquistar aqueles que não gostam de Lula, mas não têm nada contra o ex-prefeito de São Paulo.
Os dois candidatos têm o desafio (muito maior no caso de Haddad, obviamente) de não perder os votos do 1o turno e conquistar votos no 2o turno. Os primeiros movimentos de ambos mostram que Bolsonaro sai em vantagem, e não só nos votos que recebeu. Mas o 2o turno será longo.