Virando a casaca

Erica Paes é ex-lutadora de MMA e faixa preta de jiu-jitsu. É casada de papel passado com uma psicóloga.

Erica chegou a aderir ao “elenão” no 1o turno. No 2o turno, procurou a campanha de Haddad para oferecer seu apoio. Segundo ela, quando Manuela D’Ávila soube que Erica fazia parte da Secretaria de Políticas para a Mulheres do governo Temer, encerrou as conversas.

A atleta então procurou a campanha de Bolsonaro, que resolveu nomea-la “Coordenadora das Causas Femininas”. Sua agenda é em defesa das mulheres contra a violência masculina, principalmente doméstica.

Algo mais do que política

O Estadão traz hoje uma reportagem sobre o aumento de casos de atendimento psicológico por causa das eleições. Insônia, angústia etc estão no cardápio.

Este trecho me chamou a atenção. Os rompimentos familiares por causa da política não teriam as divergências políticas como causa última, mas sim outros fatores anteriores.

Em casa tenho, digamos assim, diversidade de opiniões políticas. Nem por isso deixamos de nos falar e nos querer bem. Não vemos a política como algo suficientemente sério para estragar nosso relacionamento.

Não quero, de maneira alguma, simplificar algo muito complexo, como o são as relações familiares. Cada um sabe onde aperta o seu calo. Mas, talvez, e apenas talvez, pensar que pode haver algo mais além de política no rompimento de relações familiares próximas (irmãos, país, filhos) pode ser uma alternativa para entender o que anda acontecendo.

Rabo abanando o cachorro

Eliane Catanhêde ataca novamente.

Segundo a jornalista, a China desbancou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil porque Celso Amorim promoveu uma política externa Sul-Sul.

Relevando o fato curioso e irrelevante de que a China está ao Norte da linha do equador, Catanhêde simplesmente desconsidera que a China cresceu a dois dígitos por mais de 20 anos, com forte concentração em investimentos em infraestrutura, demandando todo o minério de ferro do mundo e mais um pouco. E adivinha qual o maior exportador de minério de ferro do mundo?

Além disso, a China virou o maior consumidor de soja do mundo, pois não é fácil prover proteínas para a maior classe média emergente do mundo. E adivinha quem é o maior exportador de soja do mundo?

Ao atribuir à política externa de Lula um fenômeno que é global (a China passou a ser o maior parceiro comercial de grande parte dos países do mundo), Catanhêde só está repetindo bovinamente uma “verdade” muito cara ao lulopetismo: a de que o mundo e o Brasil como eram no final da década passada foram invenções de Lula. Neste mundo, o rabo abana o cachorro sem a mínima cerimônia.

PT com o sinal trocado

Apesar de todas as promessas, ainda não ouvi um nome de empresa a ser privatizada no governo Bolsonaro. Mas acabamos de ser apresentados a mais uma empresa estatal a ser criada no próximo governo: a “Brasil Barômetro”. Como se não houvesse muitas e boas empresas de pesquisas disponíveis no mercado.

Ah, mas com Bolsonaro vai ser diferente, ele vai tratar as empresas estatais com seriedade.

Acredito. Sinceramente. O problema é que o governo Bolsonaro passa e a estatal fica. Ganha vida própria. E será usada, mais cedo ou mais tarde, como cabide de empregos e fonte de corrupção.

E o que significa “promoção dos veículos éticos e comprometidos com o Brasil”? O governo Bolsonaro pretende usar o dinheiro de nossos impostos para subvencionar veículos de comunicação simpáticos ao governo? O PT fez exatamente o mesmo.

São dois sinais ruins. Espero sinceramente que o governo Bolsonaro não seja um governo PT com o sinal ideológico trocado.

Boa análise

Da página do Sérgio Almeida.


Muitos analistas e comentaristas em geral estão empenhados em mostrar que Bolsonaro não será um governo liberal na economia.

A análise é válida e faz todo sentido — o histórico alinhamento dele com o PT em matérias econômicas fundamenta a desconfiança.

Mas há, talvez, duas coisas sendo ignoradas aqui:

PROBABILIDADE

1) a análise é relativa: mesmo que não seja a Thatcher tropical, há — pode-se argumentar — mais massa de probabilidade em políticas liberais/pró-mercado nele do que em um governo Lula/Haddad/PT.

O que vai se realizar de fato ninguém sabe; tem que esperar o começo do governo — há muita especulação motivada por torcida dos dois lados.

“PT NÃO”

2) a escolha é enormemente governada por um sentimento anti-PT (por razões já conhecidas): muitos que votam/votarão em Bolsonaro sabem que ele não vai ser uma Thatcher ou coisa do tipo; assim como detestam o discurso pró-torturador e outras tosquices que ele já disse — e são muitas.

Mas na régua moral do eleitor médio, ter um 5° governo petista depois de tudo é inaceitável — pelo menos essa é uma história que pode explicar ao menos parte da história dessas eleições.

POR QUE NÃO OS OUTROS? Restaria então entender por que boa parte do eleitorado não migrou para os candidatos não-petistas que existiam na corrida eleitoral.

Há pelo menos duas explicações (não-excludentes, claro):

Uma é a de que nenhum candidato foi anti-petista o suficiente para acomodar o desejo desse eleitor. Não como Bolsonaro foi.

Outra é a de que sair nas frente nas pesquisas de intenção de voto fez de Bolsonaro um “ponto focal” que coordenou a decisão de muitos eleitores cheios do sentimento anti-petista sobre em quem votar quando o candidato do PT foi oficializado e começou a subir nas pesquisas.

É esse sentimento anti-petista — engrossado pela estratégia política do PT de (a) ignorar os erros de política econômica que contribuíram para a recessão e (b) alcunhar de nazista/fascista os eleitores de seu adversário — que explicará boa parte do que acontecerá no próximo domingo.

O que comandará o voto

Boa análise de Sergio Almeida.


Muitos analistas e comentaristas em geral estão empenhados em mostrar que Bolsonaro não será um governo liberal na economia.

A análise é válida e faz todo sentido — o histórico alinhamento dele com o PT em matérias econômicas fundamenta a desconfiança.

Mas há, talvez, duas coisas sendo ignoradas aqui:

PROBABILIDADE

1) a análise é relativa: mesmo que não seja a Thatcher tropical, há — pode-se argumentar — mais massa de probabilidade em políticas liberais/pró-mercado nele do que em um governo Lula/Haddad/PT.

O que vai se realizar de fato ninguém sabe; tem que esperar o começo do governo — há muita especulação motivada por torcida dos dois lados.“PT NÃO”

2) a escolha é enormemente governada por um sentimento anti-PT (por razões já conhecidas):

muitos que votam/votarão em Bolsonaro sabem que ele não vai ser uma Thatcher ou coisa do tipo; assim como detestam o discurso pró-torturador e outras tosquices que ele já disse — e são muitas.

Mas na régua moral do eleitor médio, ter um 5° governo petista depois de tudo é inaceitável — pelo menos essa é uma história que pode explicar ao menos parte da história dessas eleições.

POR QUE NÃO OS OUTROS? Restaria então entender por que boa parte do eleitorado não migrou para os candidatos não-petistas que existiam na corrida eleitoral.

Há pelo menos duas explicações (não-excludentes, claro):

Uma é a de que nenhum candidato foi anti-petista o suficiente para acomodar o desejo desse eleitor. Não como Bolsonaro foi.

Outra é a de que sair nas frente nas pesquisas de intenção de voto fez de Bolsonaro um “ponto focal” que coordenou a decisão de muitos eleitores cheios do sentimento anti-petista sobre em quem votar quando o candidato do PT foi oficializado e começou a subir nas pesquisas.

É esse sentimento anti-petista — engrossado pela estratégia política do PT de (a) ignorar os erros de política econômica que contribuíram para a recessão e (b) alcunhar de nazista/fascista os eleitores de seu adversário — que explicará boa parte do que acontecerá no próximo domingo.

Mandando a real

Emicida mandando “a real” pra militância do PT e explicando porque Bolsonaro faz sucesso entre os pobres das grandes cidades.

O arrazoado é bem legal, acho que ele faz um diagnóstico correto do “povão” e sobre as falhas da campanha do PT. Só não escapa de ser petista: Cuba e Venezuela estão “descontextualizados”, os livros “certos” de história são aqueles que cantam as glórias do socialismo e o partido é odiado por conta das fake news. Mas releve isso, o resto é muito bom.

Um pouco de otimismo

Bolsonaro propõe a independência do BC, enquanto Haddad volta atrás no plano de “mandato dual” e reafirma a autonomia do BC.

Quem diria que, há somente 4 anos, Marina Silva foi pulverizada na TV por propor a independência do BC, que teria como consequência o desaparecimento da comida da mesa do brasileiro.

O mesmo aconteceu com as privatizações. Há 12 anos, Alckmin foi pulverizado por uma campanha anti-privatização do PT, a ponto de ter a brilhante ideia de vestir o “jaleco das estatais”.

Hoje, Paulo Guedes propõe uma “privatização selvagem” e o PT sequer toca no assunto.

Sai otimismo, sai desse corpo que não te pertence!