Ainda sobre a fala de Bolsonaro criticando o aumento da alíquota de 11% para 14% dos funcionários públicos de alguns Estados e municípios.
Imagine você sendo o prefeito de São Paulo. Depois de uma longa batalha legislativa, com direito a briga de rua, consegue aumentar a alíquota de contribuição dos servidores públicos municipais de 11% para 14%. Não se trata de uma escolha sádica, pelo puro prazer de ferrar a vida das pessoas. Foi a única forma encontrada para fechar as contas. Quer dizer, há outras, como aumentar os impostos de toda a população ou cortar verbas de outras áreas. A solução de aumentar as alíquotas para pagar o rombo do sistema previdenciário pareceu a forma mais justa.
Aí vem o presidente da República, e diz que 14% é um exagero, que 11% está de bom tamanho. Por que 11%? Por que não 8% ou 5%? De onde saiu o número mágico de 11% ser justo, enquanto 14% é demais? E mais. Qual a sugestão do presidente para que o prefeito de São Paulo possa equilibrar o sistema previdenciário sem aumentar a alíquota? Que medidas o presidente sugere ao prefeito? Ou fez simplesmente uma declaração populista vazia? Fosse eu o prefeito de São Paulo, estaria agora dizendo que aceitaria voltar com a alíquota de 11%, desde que o governo federal complementasse os outros 3%.
O presidente Bolsonaro precisa entender o peso da faixa que tão orgulhosamente vestiu no dia primeiro. Suas palavras têm peso e influenciam políticas públicas. Simplesmente dizer que “não é justo” não resolve os problemas. Se continuarmos nessa toada, vamos mal, muito mal.