Raquel Balarin escreve uma excelente coluna hoje no Valor, da qual destaco o trecho abaixo.
Ontem, o Valor publicou reportagem mostrando o conflito de interesse que existe no modelo de negócios da XP, onde o assessor de investimentos recebe rebate dos produtos que vende. O mesmíssimo conflito que existe nos bancos, modelo que a XP diz que veio para superar.
Balarin mostra que esse modelo tem sua origem no fato de que o investidor não quer pagar pela assessoria. Acredita que a XP lhe oferece serviços gratuitamente. A jornalista estende o conceito para outras áreas de finanças e para a vida em geral: as pessoas não querem pagar pelos serviços que consomem.
As empresas têm duas formas de cobrar pelos seus serviços: a primeira é escondendo o custo, como faz a XP. A segunda é cobrando mais de quem paga, para compensar aqueles que não pagam. Neste segundo grupo, se todos adotassem a prática do “gato”, no limite o serviço deixaria de ser prestado. O “gato” só existe porque existem trouxas que pagam a conta.
Levar vantagem é um esporte nacional. O problema é que é preciso alguém que se disponha a ser o trouxa. No final do dia, o Brasil é um país de trouxas que se acham espertos.