Ate três dias atrás, se algum instituto de pesquisa me abordasse na rua, perguntando minha opinião sobre a posse e o porte de armas, minha resposta teria sido um “tendo a apoiar”. Confesso que tenho mixed feelings a respeito do assunto, mas sou simpático à ideia de que as pessoas têm direito à autodefesa, e que proibir armas não vai impedir o acesso de bandidos a elas.
Isso foi até três dias atrás, quando um colega de trabalho, que se senta do meu lado, recebeu um telefonema da esposa. Ele ficou branco e, ao desligar, contou a história: a esposa dele havia atravessado inadivertidamente um tiroteio na Vila Mariana, um bairro nobre de São Paulo. Uma bala perdida havia penetrado no carro e, pela providência divina, não havia acertado nenhum dos passageiros, a esposa desse meu amigo e os pais dela.
Não tínhamos toda a história naquele momento, e começamos a conversar sobre como a cidade está violenta, etc etc etc. Somente no dia seguinte vim a conhecer a verdadeira história: uma briga por conta de uma negociação de um automóvel encontrou uma “pessoa de bem” de mau humor e armada, e o resultado foram os tiros que feriram dois policiais e quase terminou em tragédia, ceifando a vida de pessoas que passavam por ali sem ter nada a ver com isso.
Continuo tendo mixed feelings a respeito do assunto. Talvez o aumento da segurança geral gerado com o porte de armas mais do que compense o risco de uma tragédia. Mas, se algum instituto de pesquisas me abordasse hoje, minha resposta seria “tendo a não apoiar”. Acho que esse deve ser o sentimento médio do Congresso, razão pela qual Bolsonaro foi obrigado a retirar o decreto sobre armas. É preciso discutir isso aí melhor, talkey?