Esse trecho do artigo de Lourival Sant’Anna hoje, no Estadão, me faz lembrar a piada do sujeito que se joga do 20o andar e, à altura do 5o andar, alguém abre a janela e lhe pergunta se está tudo bem. No que ele responde: “o vento está um pouco forte, mas por enquanto tudo bem”.
A dupla Chavez-Maduro está no poder há 20 anos, contra 12 anos da dupla Nestor-Cristina Kirchner e 13 anos da dupla Lula-Dilma. Brasil e Argentina estavam no 5o andar de suas respectivas quedas quando foram resgatados. Alguém tem dúvida do que aconteceria com mais 7 anos de governo do PT?
Obviamente o ponto inicial tem influência na análise. Enquanto no Brasil o governo Lula pegou um país com a casa relativamente em ordem, Nestor Kirchner pegou uma Argentina em frangalhos, levada por um sistema cambial fixo insustentável. Aqui no Brasil, FHC foi forçado a abandonar o câmbio fixo em 99, o que ajudou muito a absorver choques externos. Então, talvez o Brasil tivesse começado a cair do 30o andar, não do 20o, e estava à altura do 15o andar quando Dilma caiu. Mas era só uma questão de tempo.
Prova disso é que durou menos de um ano a tentativa de Dilma Rousseff dar um cavalo de pau ortodoxo em sua política econômica, com a indicação de Joaquim Levy para o ministério da Fazenda. Pressionada pelo populismo inerente ao seu partido, trocou Joaquim mãos-de-tesoura por Nelson Barbosa, o mais psdebista dos petistas. Era só uma questão de tempo para que um Belluzo ou um Bresser Pereira fossem convocados para a inglória tarefa de tentar interromper a queda.
A Venezuela é o exemplo acabado de como políticas ruins destroem uma economia. Não é uma questão de SE, como faz supor o artigo de Lourival Sant’Anna, mas de QUANDO o país se espatifa no chão. E nem esse impacto garante que a queda tenha um fim: é sempre possível se jogar para dentro de um poço. Que os venezuelanos o digam.