Nas discussões sobre a reforma da Previdência, sempre havia um parlamentar do Nordeste para lembrar que a previdência era uma “política de distribuição de renda”, e que havia cidades que viviam do que recebiam seus aposentados. Lembro de reportagens falando sobre isso.
Cai como uma bomba sobre essa narrativa, portanto, a notícia de que um prefeito do Nordeste decretou falência do município por não conseguir pagar sua dívida justamente com o INSS!
Não consigo pensar em exemplo melhor para demonstrar que o Estado não cria riqueza, apenas distribui. O dinheiro que entra no bolso dos aposentados de Bento sai do caixa da prefeitura de Bento. Se não há criação de riqueza, essa transferência de riqueza acaba se exaurindo no pagamento da máquina. No caso, 9 vereadores que ganham, cada um, R$ 12,9 mil! Com uma renda de mais de 12 salários mínimos, esses vereadores estão firmemente colocados entre os 1% mais ricos do Nordeste.
Evidentemente, a decretação da falência é apenas um show de pirotecnia do prefeito. O que ele certamente quer é chamar a atenção e conseguir mais dinheiro para manter a máquina funcionando. Fundir seu município com outros no mesmo estado de penúria e mandar para casa os vereadores e a si próprio, nem pensar! Afinal, é preciso distribuir renda.