O texto a seguir é de Osmar Lannes Jr. A ôtoridade a que ele se refere é a deputada Carla Zambelli. Que saiu às ruas contra “a falta de ética na política”.
Descansem os espíritos timoratos: a lei de abuso de autoridade não vai alcançar a deputada e nem o seu padrinho.
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“Desabafo.
Uma de minhas filhas decidiu, com 14 anos, fazer o ensino médio no Colégio Militar de Brasília. Por não preencher os requisitos previstos para ingresso direto no CMB, a única alternativa que lhe restava seria prestar um concurso. Não um concurso qualquer, mas um duríssimo concurso, em que centenas de candidatos disputariam as pouquíssimas vagas reservadas para essa modalidade de acesso.
Sujeitou-se, por isso, durante um ano inteiro, a uma dura rotina de estudos. De segunda a sexta-feira, tinha aulas, atividades e provas num dos melhores colégios da cidade. Às 18:00 horas, a mãe a buscava no colégio e a levava a um curso preparatório para o concurso. O jantar dela se dava no carro, durante o trajeto. Tinha aula no cursinho das 18:30 às 22:30 horas. Chegava em casa, toda noite, depois das 23:00 horas. No dia seguinte, às 7:00 horas, já estava pronta para o colégio. Fins de semana eram dedicados a mais estudo e deveres. Com 14 anos de idade.
Ao final de um ano inteiro de esforço incomum e uma assombrosa dedicação, foi aprovada no concurso do Colégio Militar, conquistando uma de apenas DEZ VAGAS, contra mais de MIL CANDIDATOS.
Enquanto isso, em abjeta contradição com o ethos de trabalho, dedicação e meritocracia que constitui a base da instituição militar, o filho de uma personalidade pública é agraciado com uma das vagas no mesmo Colégio Militar de Brasília. Sem concurso. E sem direito legal ou normativo ao ingresso no Colégio sem concurso.
Mais uma bofetada na face dos brasileiros que, tolamente, acreditam que as regras valem para todos. Que, teimosamente, optam pelo trabalho e pelo esforço próprio. E que, ingenuamente, acreditaram em promessas de novos tempos.
Lamento MUITO que o Exército Brasileiro tenha coonestado essa gritante violação aos mais basilares princípios da própria Instituição.
No fundo, somos todos OTÁRIOS. Aliás… todos, não: quase todos.
RIP, Brasil.”