Em tese, Augusto Aras foi indicado para PGR por ser um sujeito com visão moderna da atividade econômica, não xiita, que iria destravar as obras necessárias para retomar o crescimento. Isso seria o bastante para compensar suas tendências esquerdistas e anti-lavajatistas.
Pois bem. Em abril deste ano, o futuro PGR assinou nota técnica do MPF, recomendando a franquia mínima de bagagem, uma iniciativa que fecha as portas para as companhias aéreas low-cost e, na prática, agrava a concentração de mercado neste segmento econômico. O presidente C&A para a nota técnica e vetou o artigo, no que fez muito bem.
Esta nota técnica não é de anos atrás, de modo que se poderia dizer que o futuro PGR “mudou de ideia”. Não. A nota é de abril deste ano.
Já li varias vezes por aqui que não devemos nos precipitar. Afinal, é preciso ver como Augusto Aras vai operar no dia a dia. Só será possível julga-lo pelos seus atos na PGR, não pelo seu passado. Com esse raciocínio, absolutamente qualquer um pode ocupar cargos no governo. Por exemplo, quando Mozart Ramos surgiu como nome para o ministério da educação, houve um barulho ensurdecedor nas redes. Ninguém lhe deu o benefício da dúvida, não ouvi ninguém dizendo “bem, vamos ver como ele opera”. Seu passado o condenou.
De onde concluo que o acerto ou erro na indicação de pessoas não se dá pelo currículo, mas pelo aval de Bolsonaro. Se o capitão falou, tá falado. Contestar é torcer contra o Brasil e querer a volta do PT.
“Esperar pelos atos do PGR” é uma falácia. Sempre haverá narrativas convenientes à mão para justificar seus atos, quaisquer que sejam. No limite, será sempre perseguição da mídia.
Então, ficamos assim: teremos um PGR com simpatias à esquerda, garantista e com visão paleozóica da atividade econômica. Mas, não vamos nos precipitar: as pessoas podem mudar radicalmente, mesmo aos 60 anos de idade.