O problema do 02 é que ele escreve mal. Não sei se algum dia prestou o ENEM, mas sua redação não teria uma nota das melhores. E não por motivos ideológicos.
O caso do tuíte-bomba é exemplar. A diferença de interpretação do texto é esta: Carlos faz uma constatação, que ele acha que deveria levar à conclusão de que devemos ter paciência, enquanto a interpretação geral é de que ele incitava a um golpe contra as instituições democráticas.
Tanto seu tuíte deu margem a esse tipo de interpretação que uma fã bolsonarista (veja acima), insuspeita portanto, acha isso “muito grave”, e afirma que “por vias democráticas é o único jeito” para alcançar o sucesso. Ao que Carlos responde “óbvio!”. A esta altura, ele já deveria ter percebido a m… que fez.
O que deu origem a essa interpretação foi o uso da expressão “por vias democráticas”. Se ele tivesse começado, por exemplo, com um “Em uma democracia”, a repercussão seria mínima, se é que haveria alguma. O “por vias democráticas” passa a ideia de que há outras vias. “Em uma democracia”, por outro lado, dá como certo de que este é o regime, não há outro. E o pior é que o restante do tuíte só reforça a ideia de que “outras vias” deveriam ser buscadas. Afinal, é tudo muito lento, e somos dominados pelos mesmos de sempre.
Carlos se notabilizou pelos seus tuítes sem sentido, da mesma forma que Dilma pelos seus discursos destrambelhados. A fala e a escrita de qualquer pessoa bebem da sua organização mental. Ouvir Dilma falar ou ler os tuítes de Carlos informam muito sobre os seus respectivos mundos mentais. Alguns ainda tentam encontrar nos tuítes do 02 algum sentido oculto, como se fosse uma mensagem cifrada para os Illuminati. Bobagem. São simplesmente mal escritos.
No fim, Carlos, ao invés de vir a público humildemente pedir desculpas, como faria qualquer pessoa civilizada, põe a culpa na imprensa. Como se as pessoas, incluindo a sua fã bolsonarista, não soubessem interpretar um texto e precisassem, para isso, do auxílio de jornalistas. Se o primeiro tuíte pode ser creditado à sua inabilidade para escrever, o segundo não deixa margem a dúvidas sobre o seu caráter.