O procurador mineiro é um exemplo acabado do que eu costumo chamar de “Teoria do Gás” das finanças pessoais. Esta teoria diz o seguinte: assim como um gás dentro de um recipiente, os seus gastos sempre ocuparão todo o seu orçamento, até forçar as paredes e o recipiente explodir. E, importante: isso INDEPENDE do tamanho do recipiente ou do orçamento.
O procurador diz uma frase-chave, que corrobora a Teoria do Gás: “eu não tenho origem humilde, não estou acostumado com limitações”. É isso. É muito difícil para qualquer pessoa baixar o padrão de vida. Pode parecer chocante que alguém verbalize isso ganhando 24 mil por mês, mas essa é uma realidade que afeta qualquer pessoa, independentemente de quanto ganhe.
Isto não significa, obviamente, que o procurador não deva baixar o seu padrão de vida, em uma situação de penúria das finanças públicas. Todo brasileiro está apertando o cinto, e não há porque os procuradores não fazerem o mesmo.
O segredo é “suavizar” o nível de consumo ao longo da vida. Ou seja, não consumir tudo hoje, guardar um pouco para o tempo de vacas magras, que sempre virá. Há duas vantagens nessa abordagem: construímos uma reserva de emergência e acostumamo-nos com um padrão de vida um pouco inferior àquilo que nossa renda permitiria, o que torna mais fácil a adaptação aos tempos piores.
Normalmente as pessoas fazem o inverso: vivem ACIMA de sua renda, tomando dívida para isso. Quando chega o tempo das vacas magras, além de terem dívidas ao invés de uma reserva de emergência, estão acostumadas a um padrão de vida superior, tornando muito mais difícil a adaptação. Por isso vemos tanta gente que, apesar de ganhar muito bem, está quebrada.