Um artigo defendendo a excelência das universidades públicas paulistas e seu impacto positivo sobre a economia do Estado.
Os exemplos utilizados são dignos do debate raso do Congresso: as universidades sustentariam um ecossistema de bares e barbeiros no interior de São Paulo, por isso seriam importantes.
Obviamente, outros efeitos mais fundamentais para o desenvolvimento do País são atribuídos às universidades paulistas, como o estabelecimento de polos tecnológicos e a produção acadêmica. Mas quis chamar a atenção para o efeito mais bizarro com o objetivo de colocar em cheque todo o raciocínio.
A questão de fundo não são os impactos em si. É óbvio que sempre alguma coisa boa é feita com o dinheiro. A grande questão é se este foi o melhor uso possível para o dinheiro do contribuinte. E, se sim, se este dinheiro está sendo usado de maneira responsável, ou se está sendo desperdiçado com políticas pouco racionais.
A discussão do uso alternativo dos impostos é mais complexa, necessitaria de estudos mais profundos. Mas o uso em si do dinheiro é o que está sendo questionado pela sociedade. A qual, afinal, é quem paga por tudo isso. O artigo urge por uma defesa da universidade pública, como se qualquer crítica ao desperdício fosse um ataque à própria existência da universidade. Não se está discutindo usos alternativos dos recursos, mas o seu uso mais racional. Ainda que a discussão sobre usos alternativos fosse também bem-vinda.
O argumento dos barbeiros e bares baseia-se na mesma falácia de sempre: o Estado seria um criador de riqueza. Como se o dinheiro usado para sustentar a Universidade fosse criado “out of thin air”, como dizem os americanos. Não. Para sustentar a Universidade, é preciso tirar o dinheiro de outra atividade econômica, talvez mais produtiva.
Ainda bem que foi um professor de Química que escreveu, não de Economia. Assim, está perdoado.