Entrevista com FHC sobre o lançamento de seu último livro com anotações do seu tempo na presidência, que cobre o período de 2001-2002.
O jornalista pergunta a respeito do “alto preço” que representaria a eleição de Lula, mencionado por FHC no livro. Mas, ao invés de perguntar qual seria este alto preço, fecha a pergunta: o “alto preço” seria o governo Bolsonaro?
A pergunta poderia ser fechada de várias formas. Por exemplo: o alto preço seria a corrupção desbragada? Ou, o alto preço seria a maior recessão da história do Brasil? Ou ainda, para um jornalista com alguma finesse de raciocínio, o alto preço seria a destruição das instituições tão arduamente construídas em torno do Real?
FHC poderia ter sido grosso, e responder para o jornalista: “olha, meu filho, fui um bom presidente, mas longe de ser um Nostradamus a ponto de adivinhar que Bolsonaro seria eleito 16 anos depois como resposta às cagadas do PT”. O ex-presidente prefere se eximir de responder qual seria este “alto preço”, e pega a deixa do jornalista para falar de Bolsonaro. O fechamento da pergunta no atual presidente livra a cara de FHC de ter que criticar Lula.
Convém frisar: para o jornalista, o “alto preço” que o país pagou não foi a roubalheira ou a depressão econômica. O alto preço foi a reação da população a essas coisas, foi a eleição de Bolsonaro. É do balacobaco.