Uma grande “janela partidária” está sendo negociada para anistiar os políticos que querem trocar de partido sem perder os seus mandatos. A partir daí, a lei seria seguida rigidamente. Faltou só aquela piscadinha marota para o interlocutor.
O Brasil é o país da anistia, da lei que não pega, do jeitinho.
Outro dia, foi aprovada lei que anistiou os donos de imóveis que haviam construído de maneira irregular em São Paulo. Deve ser a 595a lei nesse sentido. Quem segue a lei para construção é trouxa.
E Refis então? Basta esperar, virá uma lei para livrar a cara de quem não pagou imposto. Mas será a última, certo? Piscadinha marota.
Os Estados quebrados também têm suas contas “renegociadas”. Mas sabe como é, o STF não vai deixar que “necessidades urgentes da população” não sejam atendidas. Então, a renegociação é só pra inglês ver mesmo.
A lei de responsabilidade fiscal vinha para acabar com os problemas financeiros dos Estados. Mas era uma lei muito dura, não pegou.
O teto de gastos é também uma lei muito dura. Imagine estar impedido de dar aumento real de salário para os funcionários públicos? A lei é importante, mas não pode ser tão draconiana assim. E toca arrumar jeito de flexibilizar.
Corrupto na cadeia? Sem dúvida, mas só depois de passar por todas as chicanas do “Estado Democrático de Direito”. Afinal, somos um país que se dá ao respeito.
Não adianta lamentar, faz parte do DNA do país.
Não levamos nada a ferro e fogo. Nossa independência foi decretada pelo príncipe, e passamos por 3 golpes de Estado sem o derramamento de uma gota de sangue sequer. Deve ser recorde mundial. Ah, ok, teve a Revolução Constitucionalista de 32, em que morreram algo como 5 mil cidadãos. Uma sombra, se comparado aos mais de 500 mil mortos da Guerra de Secessão, por exemplo.
Há quem prefira assim. Afinal, resolver tudo na base do jeitinho tem suas vantagens. Melhor uma vara flexível que verga do que uma rígida que quebra. É um ponto de vista. Mas depois não adianta reclamar que o Brasil não é um país sério.