Startups brasileiras estão ajudando passageiros a processarem companhias aéreas.
As startups de tecnologia normalmente surgem lá fora para atender problemas universais, que afetam pessoas de todos os países. Se uma startup para resolver um determinado problema nasceu no Brasil e, o que é o pior, só tem no Brasil, então pode ter certeza de que aquele problema só existe no Brasil.
E não estou me referindo a atrasos em voos e malas extraviadas. Isso acontece no mundo inteiro. O que provavelmente é único do Brasil seja uma mistura de um setor que trata o consumidor com desprezo com um sistema judiciário de difícil acesso e que trata o empresário como bandido. Esta mistura é explosiva, e criou um mercado explorado por essas startups.
Os EUA é um exemplo notório de país onde tudo se judicializa, é a terra dos advogados. Se há muito menos judicialização lá no setor aéreo, deve ser porque as companhias aéreas tratam melhor seus clientes em caso de problemas, ou porque o judiciário não dá ganho de causa para qualquer demanda ou, o que é mais provável, uma combinação de ambas.
Essas startups estão aproveitando uma oportunidade de mercado que só existe no Brasil. Não adianta culpá-las pelo excesso de judicialização no setor (um “câncer”, segundo o presidente da Latam). É preciso que as empresas aéreas e o judiciário fechem essa “oportunidade de mercado”.