Caiado perdeu a paciência e vai propor a encampação da Enel, empresa que assumiu a distribuição de energia elétrica em Goiás a partir de fevereiro de 2017. Eu não ouvia a palavra “encampação” desde que Brizola decidiu estatizar empresas no Rio Grande do Sul no início da década de 60.
A Enel alega, em comunicado, que intempéries têm prejudicado o serviço da empresa no Estado. A forma mais racional de analisar o problema é observar os índices de eficiência de serviço da Aneel. A agência reguladora calcula dois indicadores: o DEC e o FEC. O DEC mede a extensão do período sem fornecimento sempre que cai a luz, enquanto o FEC mede a frequência em que ocorrem essas interrupções.
Pois bem. Anexei o DEC e o FEC de 2016 (antes, portanto, da privatização) e de 2019, mês a mês. Podemos observar que os índices, principalmente os de frequência de interrupção, são invariavelmente melhores depois da privatização.
Cada região tem suas peculiaridades, e não sabemos o estado de deterioração em que a Enel encontrou o ativo que adquiriu em 2017. Talvez até esteja fazendo milagres. O fato é que os habitantes de Goiás, incluindo o seu governador, esperavam mais.
Uma outra concessionária fará melhor? Pode ser. Mas dificilmente entregará os índices de eficiência que sejam do agrado da população. E o próximo governante será levado a quebrar mais um contrato.
Caiado é considerado um político liberal, mas não suportou a pressão para “fazer alguma coisa”. E vai quebrar um contrato pouco mais de dois anos depois de celebrá-lo. Depois nos perguntamos porque o investidor estrangeiro não vem.