Coluna do Globo lista 10 palavras que todo mundo deve deixar de usar em 2020. Na verdade, são 14 no total.
Repare no tempo verbal: “deve”. Trata-se de uma ordem, não de uma sugestão. Está determinado pela polícia da linguagem.
Algumas até fazem sentido, outras são ridículas. Mas não é esse o ponto. A questão é que há preconceitos do bem e preconceitos do mal. O especial do Porta dos Fundos, por exemplo, não mereceu reparos por parte da polícia da linguagem. Nesse caso, trata-se de liberdade de expressão.
Nessa linha, também criei uma lista de “palavras proibidas”, procurando proteger grupos que não alcançaram a proteção da polícia da linguagem oficial. São exemplos:
– Alemão: essa forma de chamar as pessoas que nasceram na Alemanha na verdade é uma ofensa aos loiros, que sofreram a infância inteira sendo chamados de alemães. O morro do Alemão deve passar a chamar-se Morro do Germânico.
– Magrela: essa forma de se referir às bikes é preconceito contra os magros
– Papai-com-mamãe: o que parece ser uma inocente forma de denominar algo simples ou fácil, na verdade é preconceito contra casais que só fazem sexo em casa.
– Automóvel: apesar do “auto” significar “automático”, a palavra soa alto, uma ofensa aos baixinhos. Vamos usar carro.
– Supermercado: coloca em posição de inferioridade os mercadinhos de bairro, que devem ser respeitados como expressão da cultura nacional. Mercado é mercado, não importa o tamanho.
– Azul: uma ofensa ao amarelo. A partir de agora, tudo é bege.
Infelizmente não tenho o domínio da língua como o Eduardo Affonso, que poderia pensar em muitos outros exemplos de palavras e expressões que parecem inocentes só na superfície e devem ser evitadas.