Em 2012 estava em Tóquio a trabalho. Cheguei em um domingo e fui dar uma volta nas proximidades do hotel à tarde. Fui parar na Rua Ginza, o metro quadrado mais caro do Japão. Para minha surpresa, a rua estava fechada para carros e as famílias caminhavam despreocupadas, tomando toda a rua.
Aquela foi uma experiência reveladora para mim, de uma cidade que pode ser mais humana, onde as pessoas se encontram no meio da rua e não apenas em parques fechados. O pôr-do-sol (era inverno, o sol se pôs às 17:00) combinado com aquele cenário de confraternização silenciosa (sim, não havia barulho) passou-me uma ideia da excelência que a civilização humana pode alcançar, no mesmo nível de uma peça de Mozart.
Quando, em 2015, o mesmo experimento social foi iniciado na Paulista, pensei: puxa, poderei ter a mesma experiência aqui mesmo, em São Paulo. Ingenuidade a minha. Fechar a rua aos carros não induz à civilidade, apenas potencializa o tipo de civilização que existe em cada país.