Hoje foi dia recorde de casos e óbitos no Brasil. Mas se analisarmos a média móvel de 7 dias (que tem sido a minha estatística favorita, dado o caráter claramente sazonal da divulgação dos dados em todos os países), o que observamos é a simples continuidade de uma tendência. No meu último post eu já avisava: o nosso padrão de crescimento (e o do restante da AL) está diferente do que aconteceu na Europa e EUA. Lá, houve um crescimento muito rápido inicial, para depois começar uma queda lenta. Aqui, o crescimento foi mais lento no início, o que nos impede de traçar um paralelo com Europa e EUA sobre onde seria o nosso pico. Não temos nenhum indicativo sobre quando isso vai acontecer.
Por que este padrão diferente? Difícil dizer. As mesmas medidas de distanciamento social foram aplicadas aqui e lá fora, com mais ou menos atraso. Calor? BCG? Vai saber. O que importa é que não temos um benchmark para comparar a nossa curva.
Vamos aos gráficos.
Debrucei-me mais detidamente sobre a situação brasileira. São 8 gráficos, 4 de casos e 4 de óbitos, sempre média móvel de 7 dias.
Os dois primeiros são mais gerais, comparando Brasil com Europa e EUA. Em número de casos novos diários per capita, já ultrapassamos o pico atingido pela Europa e estamos a 2/3 do caminho para atingir o pico dos EUA. Em número de óbitos, estamos ainda 45% abaixo do pico dessas duas regiões.
O segundo conjunto de gráfico analisa os principais Estados pelo critério de PIB/população. Na prática, são os Estados que estão puxando os números do Brasil para cima, pois outros, apesar de em piores condições, têm populações menores. Vemos que, em relação ao número de casos, o Estado do RJ, o DF e, em um 2o plano, SP, vem puxando a estatística. O crescimento em SP vem sendo mais lento, mas a tendência é crescente. Chama a atenção SC, que vem reabrindo a suas atividades: o número de casos vêm subindo na última semana, depois de duas semanas de estabilidade.
Em relação ao número de óbitos, assusta o comportamento do RJ, com quase 10 óbitos/milhão. Apenas para lembrar, a Itália teve 14 óbitos/milhão no seu pico. O Estado de SP, que havia estabilizado, pela primeira vez em 20 dias fez um novo pico de óbitos. Talvez seja apenas um ponto, vamos acompanhar. Também o DF vem uma tendência crescente de óbitos.
O terceiro conjunto refere-se às principais capitais em termos populacionais. Recife e Manaus lideram em número de casos, mas a cidade do Rio de Janeiro já empatou com essas duas em número de óbitos diários per capita. Mas ainda estão longe (40%) de Nova York, por exemplo, com seus 45 óbitos/milhão/dia no pico. A cidade de São Paulo, mantém uma subida suave no número de casos e estabilidade no número de óbitos: o atual nível é ainda inferior ao pico de 20 dias atrás.
Por fim, para aqueles que moram aqui em SP, um apanhado das regiões do Estado. A Grande São Paulo lidera, mas o número de casos/óbitos vem crescendo rapidamente na Baixada Santista. O número de casos vem acelerando também na região de Sorocaba e Campinas, mas ainda não se refletiu no número de óbitos.
É isso aí. Fiquem bem e protejam-se.