No futebol, quando o time está caindo pelas tabelas, é comum o presidente do clube vir a público para dizer que “o técnico está prestigiado”. Esta frase normalmente precede a demissão. É até natural: quem está prestigiado não precisa de uma declaração formal do presidente, não é mesmo?
Têm sido cada vez mais recorrentes as declarações de Bolsonaro em favor de seu ministro da Economia. Não estivesse sob pressão por resultados, essas declarações seriam dispensáveis. A multiplicação das declarações de apoio estariam antecedendo a demissão? Só o tempo dirá.
Se sair do governo, Guedes estará apenas repetindo a sina dos ministros da Fazenda no Brasil. Desde a proclamação da República, tivemos 77 ministros da Fazenda, incluindo Paulo Guedes. A média de permanência no cargo foi de 1 ano, 8 meses e 20 dias. Guedes já é ministro da Economia há mais de 1 ano e 9 meses, o que já o faz estar na parte superior da tabela.
O ministro da Fazenda mais longevo da história do Brasil foi Artur da Souza Costa, que serviu o governo Getúlio Vargas por nada menos que 11 anos, 3 meses e 9 dias. O segundo mais longevo, acredite se quiser, foi Guido Mantega, que foi ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma durante 8 anos, 9 meses e 7 dias. O terceiro foi Pedro Malan, que foi o ministro da Fazenda de FHC durante 8 anos e o quarto foi Delfim Netto, que serviu os governos de Artur da Costa e Silva e Garrastazu Médici durante exatos 7 anos.
O que podemos observar, sem surpresa, é que situações econômicas instáveis detonam mais rapidamente os ministros da Fazenda. João Goulart, por exemplo, teve 5 ministros da Fazenda em 2 anos e 7 meses de mandato. Sarney teve 4 ministros em 5 anos, enquanto Itamar Franco teve inacreditáveis 5 ministros em 2 anos e 4 meses de mandato, batendo o recorde de João Goulart. Por outro lado, há pouca rotatividade durante períodos de bonança e estabilidade.
Paulo Guedes vai sair? Não sei. O que sei é que as juras de prestígio abundam. Por quê?