Meu pai cursou até o colegial (hoje ensino médio), minha mãe, até o ginásio (hoje fundamental 2). O pai de minha esposa cursou até o primário (hoje fundamental 1) e a mãe dela nem isso. Eu e minha esposa temos pós-graduação.
Somos exceção em um país com mobilidade social muito reduzida. Tivemos sorte, eu e minha esposa, de nascermos em lares onde a educação sempre foi valorizada e de termos tido a oportunidade de conviver com pessoas de nível universitário em nossa juventude. Porque a questão da formação superior não se restringe à renda. Há também, e talvez principalmente, o que chamo de “ambição”: para um rapaz ou uma moça que não têm, em seu círculo de convivência, pessoas que cursaram a faculdade, esta parece ser uma meta inatingível, uma espécie de monte Everest. Falta o exemplo de que aquilo não só é possível, mas é para você. Trata-se de um circulo vicioso de difícil superação.
Paulo Tafner foi o apóstolo da reforma da Previdência. Armado de uma montanha de dados e perseverança inabalável, pregou no deserto durante anos, até a sua doutrina tornar-se o pensamento dominante. Reformar a Previdência não é fácil em lugar nenhum do mundo, é necessário mudar o mindset da sociedade, e Paulo Tafner fez grande parte desse trabalho.
Agora, Tafner dedica-se a estudar a mobilidade social no Brasil. A sua entrevista abaixo merece ser lida. Se há um assunto importante no Brasil, é este. Sorte do Brasil ter uma pessoa como Tafner dedicada a isso.