O governo federal fechou 2020 com uma dívida de R$ 5 trilhões.
Isso significa que, se fôssemos pagar essa dívida, cada homem, mulher e criança brasileiro deveria desembolsar R$ 23.600 aproximadamente.
Segundo dados do Tesouro, considerando as taxas de juros e o déficit primário deste ano, cada brasileiro terminará 2021 devendo R$ 26.400.
Claro que uma parte diminuta dos brasileiros na verdade é credor, não devedor. Bancos e empresas, pensionistas de fundos de pensão, investidores de fundos de investimento e poupadores de maneira geral são detentores de títulos do governo. Esta parcela da população financia a outra parcela, que é devedora.
Mas nenhum credor quer realmente receber essa dívida. Os credores não teriam o que fazer com esse dinheiro. Os credores querem somente rolar essa dívida, com a razoável certeza de que, se quiserem e quando quiserem, vão receber o dinheiro de volta.
Se, em algum momento, os credores ficassem em sérias dúvidas sobre a capacidade dos brasileiros de desembolsarem R$ 23.600 cada um, haveria um movimento de venda sem compradores, pulverizando o valor da dívida. Para evitar isso, o governo emitiria aquele papel pintado chamado de Real para pagar as dívidas, criando inflação. Os devedores ficariam, na média, R$23.600 mais pobres cada um, via perda de seu poder de compra.
Mas isso não vai acontecer. A sociedade brasileira, por meio de seus representantes, continuará convencendo os credores de que um dia pagarão suas dívidas. Assim esperamos.