Existe uma parte da população chamada de “maioria silenciosa”, a que eu também chamo de “povo não militante”.
O “povo não militante” é aquele que não milita, ora pois. É o sujeito ou a sujeita que prefere ficar em casa ou passear no fim de semana, curtir o descanso com a família, ao invés de dirigir-se a manifestações políticas. Não que não goste de conversar sobre política, ou não dê seus palpites sobre o assunto nas redes sociais. Mas para tirá-lo de casa, precisa bem mais do que uma “convocação”. A coisa tem que estar realmente séria. Em 2015/2016, o “povo não militante” foi para as ruas, sinal de que a coisa tinha ficado realmente séria.
As atuais manifestações, tanto a favor como contra Bolsonaro, são coisa de “povo militante”. O “povo não militante” ainda encontra-se em casa. Estas manifestações contra Bolsonaro têm a pretensão de se mostrarem apartidárias, de representarem uma “frente ampla”. Lembram as manifestações #elenão nas vésperas das eleições de 2018. Sob a capa de um movimento rechaçando Bolsonaro, tínhamos, na verdade, a militância do PT e seus satélites. Agora não é diferente: as manifestações deste fim de semana foram convocadas pela Frente Brasil Popular, Povo Sem Medo e sindicatos, todos satélites do PT.
MBL e Vem Pra Rua, movimentos que são hoje oposição a Bolsonaro, tiraram o corpo fora dessas manifestações. Eles lideraram, em 2015/16, o “povo não militante”. Que ainda não vê motivo para sair do sofá.