Eliane Catanhêde teve uma ideia genial: Lula abriria mão da cabeça de chapa e, do posto de candidato a vice-presidente da República, costuraria um grande entendimento pacificador nacional.
Bem, não sei direito por onde começar. São vários erros diversos e combinados em uma única “ideia”. Mas vamos tentar.
O primeiro erro é achar que Lula e o PT vão abrir mão da cabeça-de-chapa. Mesmo em situações em que o PT não tem a mínima chance eleitoral, o partido não abre mão de ter os cordões do poder em suas mãos. A composição ocorre somente com os outros partidos sendo vassalos de seu projeto de poder. Imagine em uma situação como a que se coloca, com Lula tendo efetivas chances de eleição.
O segundo erro é supor que Lula e o PT estão dispostos a “pacificar” o cenário político nacional. Como se não tivesse sido Lula a apontar a “herança maldita” de FHC e ter inventado o “nós contra eles”. Não, Lula e o PT são sectários, a única paz que lhes interessa é o da submissão.
Por fim, causa espécie que um político que esteve preso com prova provada de seus crimes, com sentença confirmada por 3 instâncias da justiça brasileira, e que só está solto com base em “provas” obtidas ilegalmente, ainda seja tratado como um contendor legítimo na arena política, e não como um pária.
Esse tipo de “raciocínio” da jornalista nos diz algo muito importante: Lula não está solto porque alguns ministros do STF resolveram assim. O STF é apenas o operador político de uma vontade da inteligentzia brasileira, que nunca engoliu o fato de que Lula é um larápio como outro qualquer, e não o herói de seus sonhos juvenis de justiça social. Nada é por acaso: Lula está de volta porque assim quiseram pessoas como Catanhêde, que sonham com um Brasil pacificado, próspero e livre de arreganhos autoritários.
São essas mesmas pessoas que não conseguem entender como uma figura como Bolsonaro conseguiu se eleger presidente.