Ao que tudo indica, nem na comissão especial da Câmara o projeto do voto impresso vai passar. Aécio Neves, favorável ao pleito, renunciou à sua vaga na comissão, depois que o presidente do PSDB, Bruno Araújo, entrou em acordo com outras 10 legendas contra a proposta. Aécio lamentou, pois esta era uma bandeira histórica do partido.
O que está acontecendo aqui? Simples: Bolsonaro, com seu jeitinho Nero de governar, pôs tudo a perder.
Quando o presidente afirma, com todas as letras, que houve fraude nas eleições de 2014 e 2018 e que, sem voto impresso, poderá haver “problemas” em 2022, isto soa como uma chantagem contra o sistema político. E, se tem uma coisa que parlamentar não gosta, é de se sentir chantageado.
Amigos, dispenso-os de encher a área de comentários tecendo loas ao sistema de voto impresso e de como o voto eletrônico é frágil. Não é este o mérito da questão, no caso. O problema aqui é como Bolsonaro consegue transformar a questão, qualquer questão, em uma rinha de briga de galos. Ao invés de trabalhar para o consenso, consegue somente despertar animosidades.
Digamos que o discurso tivesse sido algo na linha: “gostaríamos de avançar com esse projeto porque agrega um nível adicional de segurança ao processo”. Pronto, provavelmente obteria o apoio necessário, pois muitos partidos concordam com esse ponto, como era o caso do PSDB e do PDT. Mas este não seria Bolsonaro.
Claro que Bolsonaro pode falar o quiser, a boca é dele e esse é o seu “jeito”. Mas, como dizia a minha avó, quem fala o quer, ouve o que não quer.