A regra de qualquer redação é muito clara: você inicialmente expõe uma tese, desenvolve os argumentos contra e/ou a favor da tese e conclui refutando ou afirmando a tese. Essas coisas precisam estar mais ou menos amarradas. Caso contrário, o leitor termina perdido, sem entender exatamente em que o autor baseou a sua tese.
O artigo abaixo é um exemplo de como uma redação não deve ser feita. O autor expõe a sua tese no início: Tuvalu, uma ilha perdida no sul do Pacífico, estaria com seus dias contados em função do aquecimento global. Sua população precisará migrar para a Austrália! Sem culpa nenhuma, os Tuvalenses são um povo muito ecológico, e estão pagando pelos pecados de um mundo que insiste em gastar energia para se aquecer no inverno e se refrescar no verão.
Os argumentos para embasar a sua tese o autor os tomou de sua visita in loco à ilha. E é aí que a coisa começa a ficar estranha: apesar de ser um povo muito ecológico, as praias de Tuvalu estão tomadas por lixões. A não ser que acreditemos que o lixo dos EUA e Austrália esteja aportando nas praias da ilha perdida, aquilo é fruto do descarte da própria população ecológica. Primeiro argumento que não conversa com a tese.
Mas ainda haveria salvação para a redação: provar a tese principal, a de que o mar já está subindo e engolindo Tuvalu. Continuei lendo, em busca de alguma narrativa dramática de praias desaparecidas e populações tendo que se amontoar no centro da pequena ilha. Nada. Está tudo lá. O único sinal relatado de agressão ao meio ambiente foi o lixão amontoado pelos próprios nativos.
Saí da redação confuso. A tese do aquecimento global que vai engolir Tuvalu carece de provas no artigo. E o povo ecológico de Tuvalu amontoa lixões em suas praias. Desse jeito, vai receber zero no ENEM.