Vocês me dão licença para falar de algo que não tem nada a ver com política nesse dia tão, digamos, agitado?
Ontem assisti a um filme (dica do meu amigo Rodrigo De Losso) com um nome esquisito: The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society, que foi traduzido como A Sociedade Literária da Torta de Casca de Batata.
Guernsey é uma ilha inglesa no canal da Mancha, e que foi ocupada pelos nazistas durante a 2a Guerra. A história se dá logo depois da guerra, em torno de uma escritora que começa uma correspondência com um dos habitantes dessa ilha e que faz parte dessa estranha sociedade literária, que se reúne para ler e interpretar livros.
O filme é uma ode à literatura como expressão do mais profundo da alma humana. Aprendemos literatura na escola de uma maneira espartilhada, classificando escolas e períodos e perdemos a sua essência: a beleza daquelas palavras colocadas lado a lado como pinceladas de um mestre ou os acordes de uma sinfonia.
Uma cena do filme Amadeus mostra Mozart transformando de improviso uma peça sem graça de Salieri. A diferença é brutal, mesmo para aqueles que, como eu, não têm treinamento musical. O que distingue uma obra genial de outra comum?
Na literatura, o mesmo ocorre. Beira o divino a forma como os grandes mestres arranjam as palavras e transmitem ideias eternas. Escrever bem está ao alcance de qualquer um, basta treinamento. Mas fazer literatura é um dom, não basta vontade.
O filme é justamente sobre isso, a literatura como arte capaz de elevar o espírito e de servir de ponte entre os seres humanos. E, claro, muito suspense e romance, que ninguém é de ferro. Gostei muito e recomendo.