A CPI da Covid quer levar Bolsonaro ao tribunal de Haia. Não consigo pensar em argumento melhor para demonstrar o fracasso dessa comissão.
Houvesse crimes tipificados pelo código penal brasileiro, o nosso STF estaria mais do que satisfeito em receber as denúncias. Ir a Haia é a admissão que tudo isso não passa de pastel de vento. Alias, é o que candidamente reconhece uma advogada entrevistada na reportagem: não tem porque Haia aceitar uma denúncia vinda de um país em que as instituições da justiça estão funcionando sem intervenção do Executivo.
O único resultado político de impacto dessa CPI seria a abertura de um processo de impeachment. Ocorre que não há votos no Congresso para isso. Se houvesse, Lira já teria sido forçado a abrir o processo. Para que isso acontecesse, a CPI teria que ter incendiado o país, levando milhões às ruas. Amanhã, teremos mais uma oportunidade de observar se a CPI funcionou. As últimas notícias dão conta de que os organizadores dos protestos incluirão na pauta questões econômicas, como inflação e desemprego. Mais um sinal de que a CPI “não pegou”. Talvez por isso seus organizadores, tendo perdido a Paulista, estejam se mudando para Haia.