Janaína Paschoal surgiu no cenário nacional como a advogada que conduziu a parte técnica do impeachment de Dilma Rousseff. Miguel Reali Jr emprestou seu prestígio, mas foi Janaína quem carregou o piano. Extremamente articulada e expressiva, logo chamou a atenção dos partidos. A popularidade da algoz de Dilma a faria competitiva para a eleição de qualquer cargo. Chegou a ser cogitada, inclusive, para ser a vice de Bolsonaro.
Inexplicavelmente (talvez por não querer se mudar para Brasília), Janaína decidiu concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa de SP. Recebeu a maior votação da história para qualquer cargo no legislativo em qualquer esfera de poder. Com mais de 2 milhões de votos, foi mais votada, inclusive, que Eduardo Bolsonaro, o deputado federal mais votado em 2018. O único representante do bolsonarismo para o senado havia sido Major Olímpio. Janaína, como segundo representante do PSL, levaria fácil a segunda vaga, na onda bolsonarista que varreu o país e, em especial, São Paulo.
Agora, com o bolsonarismo em baixa e o impeachment de Dilma há distantes 6 anos, Janaína resolveu se lançar candidata ao senado. E, claro, como um elefante em uma loja de cristais, já começou a fazer estragos.
Janaína não fez como Joice Hasselman ou Alexandre Frota, que romperam formalmente com o bolsonarismo. Mas seus tuítes ao longo dos últimos 4 anos, onde se coloca, a mais das vezes, como uma analista distante da cena política nacional, irritou não poucos bolsonaristas. Resultado: Janaína hoje não conta com o apoio do bolsonarismo-raíz e, tampouco, com a sua oposição. Tem os votos, se muito, dos eleitores do “centro”. Mas estes costumam torcer o nariz para o seu jeito, digamos, histriônico.
Resumo da ópera: quando tinha votos para se eleger senadora, Janaína Paschoal decidiu concorrer a deputada estadual. Agora que decidiu concorrer para senadora, provavelmente vai ter votos suficientes para se eleger deputada estadual. E olhe lá.