Winston Churchill assumiu o posto de 1o ministro do Reino Unido em 10/05/1940, exatamente no mesmo dia em que Hitler começava a campanha que tinha como destino Paris, invadindo os Paises Baixos. Em 22/06/1940, França e Alemanha estavam assinando um armistício no mesmo vagão de trem onde havia sido assinado o Tratado de Versalhes.
Churchill, em seu primeiro discurso no parlamento inglês, 3 dias após assumir o cargo, avisou ao povo inglês que não tinha nada mais a entregar do que “blood, toil, tears and sweat” (sangue, luta, lágrimas e suor). Um discurso clássico de estadista, em que o governante não esconde do povo as dificuldades, nem foge delas, quando se trata de defender a própria vida e a vida de seus concidadãos.
Muitos lamentam que hoje não tenhamos líderes à altura do desafio, como se mostrou Churchill na 2a Guerra. Isso é verdade, mas parece-me que ainda não chegamos no ponto em que o paralelo histórico se torna verdadeiro. O fato nu e cru é que a Ucrânia não vale o “sangue, suor e lágrimas” das potências ocidentais. Não por outro motivo, as sanções anunciadas foram cirurgicamente planejadas para causarem a menor dor possível às populações dos EUA e Europa. E Biden, em sua patética coletiva de imprensa, fez questão de informar que não levaria tropas para a Ucrânia. Nem a frase clássica “todas as opções estão sobre a mesa” o presidente dos EUA foi capaz de dizer, dado que poderia causar danos aos mercados e, consequentemente, à poupança de seus concidadãos. Não, “sangue, suor e lágrimas” não estão no cardápio dos líderes ocidentais.
A Ucrânia que se vire, esta é a mensagem. A situação tem semelhança com a agenda de combate às mudanças climáticas: muitas reuniões, muitos discursos, muitas boas intenções, mas tirar um pouco de conforto da população para diminuir a emissão de carbono, isso não está no cardápio. E, assim, fazem de conta que estão apoiando a causa, enquanto o planeta continua esquentando e a Ucrânia continua sangrando. Entregar “sangue, suor e lágrimas” não é para qualquer um.