Comemorando a vitória

Ontem fui a um bar, desses com mesinhas na rua, para o happy hour semanal com minha esposa. Foi a primeira vez, desde março de 2020, que saímos na rua e entramos no bar sem precisar usar máscaras.

O bar e a rua estavam fervilhando de gente. Grupos de amigos e casais em sua vida normal, curtindo o início do fim de semana. Mas havia uma energia diferente. Lembrei da foto que ilustra este post.

Trata-se, talvez, da foto mais icônica da história da fotografia. O regozijo transborda da foto e o beijo apaixonado do marinheiro na enfermeira marca a alegria de ter deixado uma guerra terrível para trás.

Tive a mesma sensação ontem. Deixar de usar máscaras marca o fim de uma guerra, em que ficamos enfurnados em casa, longe da família e dos amigos, com as ruas vazias e o comércio e escolas fechados. Uma guerra triste, em que muitos entes queridos foram levados pela doença. Mas uma guerra que ficou para trás, graças ao engenho humano, que conseguiu desenvolver vacinas em tempo recorde. As pessoas na rua, sem máscaras, estavam como que extravasando essa alegria.

Os realistas de plantão dirão que a guerra ainda está longe de acabar. Casos aumentam na Europa e na Ásia, e é questão de tempo para que aumentem aqui também. Sim, isso é verdade. Agora, imagine que um realista desse tipo batesse no ombro do marinheiro e interrompesse o beijo apaixonado, para falar que a guerra, na verdade, ainda não tinha terminado. Veríamos ainda um muro sendo erguido em Berlim, a crise dos mísseis de Cuba, as guerras da Coreia, do Vietnam, do Afeganistão, do Iraque, da Ucrânia, as torres gêmeas…

O realista está correto. A guerra nunca acaba de verdade. Mas há momentos em que é preciso comemorar. As máscaras são um símbolo da guerra contra a Covid, e a sua dispensa é um sinal de vitória. A mensagem é que deixamos o pior para trás, e vamos conviver com a doença como convivemos com muitas outras, na base da vacina e do tratamento. Definitivamente, não voltaremos ao quadro que vivemos em 2020 e parte de 2021. Poderemos lutar em outras guerras. Mas essa está vencida.

PS.: aqui não vai absolutamente nenhuma crítica a quem deseja e acha importante continuar usando máscara. Cada um faz a sua avaliação particular de risco e benefício, e toma a decisão que melhor se adequa a essa avaliação. O que inclui também respeitar quem toma a decisão de não usar máscara, porque fez a mesma avaliação e chegou a uma conclusão diferente.

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