A pesquisa Datafolha publicada hoje está dando o que falar. Não é à toa: Lula aparece com 48% das intenções de voto, indicando vitória já no 1o turno, 21 pontos à frente de Bolsonaro. É a maior pontuação de Lula desde o início do ano, e a maior diferença desde fevereiro, quando uma pesquisa da Genial/Quaest apontou diferença de 22 pontos.
Mas vamos analisar um pouco mais. O gráfico abaixo mostra o acompanhamento de todas as pesquisas publicadas desde o início do ano (total de 44 pesquisas até o momento). Cada ponto representa uma pesquisa, e a linha continua é a média das pesquisas feitas nos últimos 15 dias. A ideia é pegar a tendência de curto prazo.
Podemos observar que o número do Datafolha não muda a tendência para Lula de maneira relevante, que já vinha oscilando entre 40 e 45 pontos desde o início do ano, e continua lá. Seria necessário que outras pesquisas confirmassem o Datafolha para mostrar uma tendência de crescimento.
Também para Bolsonaro, que vem oscilando entre 30 e 35 pontos desde a desistência de Moro, o Datafolha não mudou de maneira relevante a tendência. Assim como para Lula, seria preciso que outras pesquisas confirmassem a tendência.
Até o momento, a única mudança relevante no quadro eleitoral foi a desistência de Moro, que fez com que Bolsonaro saltasse da faixa de 25-30 para 30-35 pontos, enquanto “Outros” (já sem Moro) recuou de 20 para 15 pontos. E é sob este prisma que gostaria de analisar essa pesquisa do Datafolha.
A última pesquisa Datafolha foi feita no dia 22/03, antes, portanto, da desistência de Moro. Até o momento, como vimos, todas as pesquisas mostraram uma migração de votos de Moro para Bolsonaro. Estranhamente, não foi o que aconteceu no Datafolha, em que “Outros” emagreceu de 21 para 13 pontos, mas esses pontos migraram para Lula, que subiu de 43 para 48 pontos. Não faz muito sentido, e vai contra todas as outras pesquisas do último mês.
Também ainda não consegui a abertura da pesquisa para ver onde Lula cresceu, assim que conseguir complemento essa análise.
De qualquer forma, valem duas observações:
1) É preciso acompanhar as pesquisas de outros institutos para ver se o Datafolha é um outlier ou uma mudança de tendência e
2) Pesquisa em maio ainda é recall, estamos longe da campanha eleitoral propriamente dita. Obviamente, significa que, se a eleição fosse hoje, Lula estaria eleito. Mas a eleição não é hoje, é daqui a 5 meses. E 5 meses são uma eternidade.