Enganação populista

Essa dicotomia “disciplina fiscal” vs. “justiça social” é falsa.

Vou usar aqui números aproximados, mas não tem problema, foque apenas no conceito. Temos hoje, grosso modo, um orçamento federal de R$ 1,6 trilhões. Ou seja, o governo gasta R$ 1,6 trilhões por ano para manter a máquina e todos os seus investimentos e programas sociais.

Toda a discussão se dá porque dizem que esse montante não é suficiente para resgatar a nossa “dívida social”, como enfatizou o nosso futuro presidente em seu discurso.

Digamos então, por hipótese, que fosse necessário gastar R$ 400 bilhões a mais por ano, ad aeternum, para resgatar a dívida social. Isto significaria um aumento de aproximadamente 5% do PIB em nossa já alta carga tributária. Mas ok, tudo pelo social!

O que aconteceria? Isso mesmo que você pensou: esse dinheiro adicional seria gasto sem que nada mudasse de maneira substancial. Os pobres continuariam pobres, a saúde continuaria essa lástima que conhecemos, a educação com as prioridades erradas etc. E, dentro de alguns (poucos) anos, mais dinheiro seria solicitado para “resgatar a nossa dívida social”.

A grande questão é que somos um país pobre (baixa renda per capita), e, enquanto continuarmos a ser um país pobre, as mazelas sociais continuarão aí, intactas. Não será aumentando a carga tributária, ou aumentando o endividamento do governo que nos tornaremos um país rico. Só enriqueceremos e, assim, mitigaremos os nossos problemas sociais, quando conseguirmos produzir mais com menos recursos. O resto é enganação populista.

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